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O preço do diesel atinge a quinta alta semanal seguida e já bate recorde. Antes comercializado a R$ 6,84, agora passa para R$ 6,94, num aumento de 1,4% em um único golpe. No ano, a elevação do preço já acumula 29,84%. A gasolina não está melhor: na semana passada, o litro médio foi vendido a R$ 7,27, apenas dois centavos a menos da semana anterior, interrompendo uma alta de cinco semanas seguidas. Hoje, seu preço é também o maior já registrado, um recorde. No ano, a gasolina acumula alta de 9%.
O grau de subserviência do governo de uma nação oprimida pelo imperialismo se atesta por diferentes formas e analisando diferentes aspectos, mas, poderíamos pegar o caso do combustível como um exemplo contundente para falar do nosso país.
A Petrobrás – não são poucos os que ainda a chamam de estatal – subiu o preço dos combustíveis nas refinarias, refletindo na ponta do processo. A razão do aumento foi a alta do preço do petróleo nas cotações do mercado mundial devido ao aumento da demanda de combustíveis na Europa, uma vez que a União Europeia iniciou boicote às exportações russas desta commodity.
O custo de todo o processo de produção do petróleo e dos combustíveis é em grande parte pago, em última instância, pelo mercado interno nacional através da elevação dos preços que acompanha a cotação do mercado mundial (em dólar) enquanto o mesmo é comercializado internamente em real (o famigerado “preço de paridade de importação”, PPI, política imposta pelo imperialismo através do governo de turno de Michel Temer, em 2016). Já as receitas da exportação ficam com a Petrobrás, seus grandes acionistas, uma enorme parcela dos quais são magnatas estrangeiros. Em nada beneficia a Nação, senão que a saqueia impiedosamente, através de transferir a renda dos brasileiros para os grandes acionistas desse monopólio e, em consequência, ao imperialismo.
Uma vez que o modal rodoviário do País é o principal meio pelo qual funciona a circulação de mercadorias, a alta do diesel converte-se diretamente em uma alta no próprio preço dessas mercadorias. Ato contínuo, elevação da inflação, principalmente naqueles itens e serviços com os quais as massas empobrecidas mais gastam (vestuário, alimentação, transporte público etc.).
Assim, explicitamente, se está operando aqui uma transferência direta de riquezas da Nação, em vários aspectos, em benefício das potências imperialistas e, mais especificamente, de grandes acionistas do monopólio Petrobrás, parasitas da Nação. Nenhum dos governos possíveis do sistema político vigente quer, nem quererá mexer nesta indecente política; se algum a quiser, para utilizar tais recursos em função de restruturar o regime de dominação no sentido do corporativismo, não poderá mudá-la sem chocar-se diretamente com o imperialismo, que retaliará através da fuga volumosa de capitais. Tal medida é parte dos novos graus de exploração e saqueio exigidos pelo imperialismo às colônias e semicolônias para recuperar-se de sua crise de decomposição inaudita, sem precedentes. Pretendendo adiar seu sepultamento, o imperialismo, com políticas cada vez mais ostensivas deste tipo, só fará levantar as massas em defesa dos seus interesses e, portanto, só faz adiantar o que pretende adiar. É mesmo um beco sem saída.
Assim, tal como a instituição da derrama como política mais agressiva do colonialismo português para recuperar-se de sua crise, em 1751, prenunciou e provocou a Conjuração Mineira (1789), o aprofundamento do saqueio imperialista com suas políticas cada vez mais explícitas prenuncia e já está provocando ondas e mais ondas de lutas anti-imperialistas.
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