O diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental, Ilan Goldfajn, constatou um fato: “Os ventos estão mudando de direção na América Latina”.
O pessimismo do autarca, que é brasileiro e já foi presidente do Banco Central, se justifica: “Vamos ter aperto das condições internacionais, com o Estados Unidos subindo a taxa de juros. Isso significa que o fluxo de capital diminui para a região [América Latina] e que o dólar fica mais forte. Temos uma revisão de crescimento para o USA para 1% em 2023 (antes, a projeção era de 1,7%). Esse crescimento menor do USA, a China e a Europa também crescendo menos, significa que a região deve, daqui para frente, ter uma desaceleração”. Atemorizado, como porta-voz da reação, diante da crise que se prenuncia e das tendentes consequências políticas, ele assevera: “Tem de olhar com cuidado para a frente”.
Na entrevista, concedida a outro porta-voz da grande burguesia local, jornal O Estado de S. Paulo, seu prognóstico sombrio representa bem a situação atual no mundo e, em especial, na América Latina.
Trata-se de momento em que se ultimam os preparativos para enfrentar uma nova crise geral cíclica de superprodução de mercadorias e capitais, que já se avoluma na superpotência hegemônica única (o imperialismo ianque). Nova crise, apenas dois anos e poucos meses depois do início da pandemia de Covid-19 que já havia precipitado a paralisação global da produção e circulação e, portanto, atuado como válvula de escape, salvando o sistema de um estouro desastroso da pressão que a crise acumulara durante anos.
No Brasil, nos marcos dessa situação internacional, a crise do sistema político de governo e a crise de decomposição do capitalismo burocrático no país se retroalimentam mutuamente. O esbanjamento de Bolsonaro na criação de gastos orçamentários obrigatórios, como os auxílios com fim exclusivamente eleitoral, lançou às cucuias a “regra de ouro” da oligarquia financeira, o teto de gastos. Como disse o próprio mandatário fanfarrão: ele não pode “entregar o tanque cheio” para o próximo governo de turno. Entregará, isso sim, uma bomba-relógio, ainda que seja ele mesmo o cabeça do próximo governo. A crise econômica é inadministrável a curto prazo, e se torna cada vez mais, quanto mais se aprofunda a divisão das classes dominantes locais, suas frações e respectivos grupos de poder reacionários.
O subcontinente, onde convergem a crise crônica de décadas com saltos agudos e um longo aprendizado das massas populares do seu padecimento sob a opressão e exploração da velha e corrupta democracia – feita de oportunismo, do eleitoreiro mais descarado ao pretenso “radical” –, está, cada vez mais, passando ao centro da crise de dominação do imperialismo ianque. Isto faz da América Latina o cenário que está se convertendo rapidamente no elo mais débil, dentre outros, da cadeia mundial imperialista. Nele as forças democráticas e revolucionárias estão crescentemente fazendo sérios preparativos para os embates violentos da luta de classes que se avizinham. Ao mesmo tempo, o Brasil se destaca, passo a passo, deslocando-se ao epicentro das desordens mundiais.
O grande Timoneiro, Presidente Mao Tsetung, frente aos males e horrores que o imperialismo provoca e à resistência incansável dos povos oprimidos, afirmou que a lei do imperialismo é provocar distúrbios e fracassar, voltar a provocar distúrbios e fracassar outra vez, até ser varrido definitivamente da face da Terra; e que a lei do povo é lutar e fracassar, voltar a lutar e fracassar outra vez, até triunfar definitivamente. Vaticinou, assim, que “o vento do leste prevalecerá sobre o vento do oeste”. Agora, prenunciam-se grandes tempestades, novas e grandiosas jornadas de lutas populares e revolucionárias que, depois das desordens, se porá de pé uma nova grande ordem.