Editorial – Só a revolução abole as injustiças e muda o País

É necessário intensificar as ações de combate à ofensiva contrarrevolucionária da extrema-direita e desmascarar seus chefetes, essa esquerda burguesa oportunista e sua coalizão com a direita liberal, bem como limpar as fileiras do movimento revolucionário de todo tipo de quinta coluna, os arregões, chorões e fujões para liberar todas as energias da luta popular no único sentido de sua emancipação.
Fátima Muniz de Andrade, "Nega Pataxó". Foto: Reprodução

Editorial – Só a revolução abole as injustiças e muda o País

É necessário intensificar as ações de combate à ofensiva contrarrevolucionária da extrema-direita e desmascarar seus chefetes, essa esquerda burguesa oportunista e sua coalizão com a direita liberal, bem como limpar as fileiras do movimento revolucionário de todo tipo de quinta coluna, os arregões, chorões e fujões para liberar todas as energias da luta popular no único sentido de sua emancipação.
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A soltura do assassino confesso da liderança indígena Nega Pataxó, após pagamento de fiança de R$ 30 mil, é um escárnio sem igual. É não apenas odioso, revoltante, é uma perversão completa. José Eugênio Fernandes Amoêdo, que confessou ser dono da arma e responsável pelos disparos que matou a liderança popular, é hoje um homem livre. A juíza que determinou sua soltura, mediante fiança, afirmou que não pode haver antecipação de pena: enquanto isso, da massa carcerária do País de quase 1 milhão de pessoas, cuja imensa maioria é de pretos e pobres, um a cada quatro está preso em condições infra-humanas e sem condenação, e não poucos(as) há anos a fio. Isso não pode ser surpresa para ninguém: por mais que a sistemática e diária campanha de embelezamento do processo eleitoral pretenda nos convencer que vivemos numa “democracia”, a realidade nua e crua é de injustiças e de privilégios indecentes para os ricos, como no caso deste covarde assassinato, pois que, deixa estampado que não vai mais além do simulacro da velha democracia burguesa, esvaziada de quase todo seu conteúdo.

Guerra civil no campo, essa é a realidade. A ação que matou Nega Pataxó foi sabidamente coordenada pelo movimento “Invasão zero”: grupo de latifundiários, mandos de pistolagem, que atuam de forma unificada na repressão paramilitar à luta pela terra. Por trás estão notórios bolsonaristas: em outubro de 2023, Bolsonaro, em reunião da “Frente Parlamentar do Agro”, discursou dando total apoio à criação do “invasão zero”; nos bastidores, não apenas declamou apoio, mas efetivamente apoiou e estruturou a iniciativa. Trata-se de três coisas, e na prática, uma só: grupos paramilitares de assassinos a soldo do latifúndio, os grandes barões do “agronegócio” e o bolsonarismo. É a tríade da reação mais ligada ao genocídio perpetrado contra os pobres, indígenas e pretos em nosso País.

No oeste do Paraná, os Avá-guarani, em Guaíra, tiveram seis dos seus feridos em um ataque coordenado pelo latifúndio, no dia 28, poucos dias após a soltura do assassino de Nega Pataxó. “Eu já passei por alguns ataques, mas ontem eu vi que eles não têm mais medo de mostrar a arma”, disse uma das vítimas. Nossa reportagem acompanhou e cobriu de perto a situação. Não restam dúvidas de que as zonas rurais do Brasil se converteram em campo de batalha, cindido entre o que há de mais são na sociedade brasileira, o campesinato pobre, indígenas, remanescentes de quilombolas, as massas trabalhadoras, pequenos e médios proprietários da cidade e intelectualidade progressista, por um lado e por outro, a camada parasitária da Nação, o que há de pior na herança maldita de cinco séculos de servidão, de quase quatro de escravidão e de genocídio.

Diga-se de passagem, a tal “Frente Parlamentar do Agro”, por trás de tudo isso, é representante, nas estruturas do velho Estado, de quem detém o Poder de fato, o latifúndio. Arthur Lira o exerce. E o exerce com autoridade: agora mesmo, Luiz Inácio está cogitando colocá-lo como ministro em seu governo, já que o mandato de presidente da Câmara dos Deputados acabará em breve. É o “dois combinam em um” do PT: unir o bolsonarismo (comedido) com o oportunismo (reformismo sem reformas), para tentar manter-se equilibrado na corda bamba que é a coalizão com que governa. O resultado, claro, só poderá ser a prevalência ainda mais escandalosa dos interesses latifundistas: ou, em outras palavras, no genocídio contra os pobres do campo, atentados armados e a guerra civil. O bolsonarismo – e somente ele – ganha com isto, pois, o apagamento das diferenças entre bolsonarismo e a pretensa esquerda, só fortalece os primeiros e seus planos de estabelecimento de um regime militar. As massas, principalmente no campo, estão se levantando parte por parte, e opondo resistência crescente e à altura. Mais dias ou menos dias, a guerra civil, que de forma latente já existe, se irromperá de forma explícita.

Os revolucionários e em parte, democratas e progressistas almejam sua eclosão e anseiam pelo momento em que as massas camponesas, indígenas e quilombolas em luta pela terra a converterão em declarada insurgência. Séculos de opressão se desmoronarão com a rebelião das massas pobres do campo, a cujos ecos se unirão as massas das grandes metrópoles. “E a nossa guerra é sagrada, a nossa guerra não falha”, já dissera Vinícius de Moraes, na década de 1960, ao cantar o nascimento e crescimento das Ligas Camponesas.

“Além disso, não deve haver lugar em nossas fileiras para os chorões e covardes, para os semeadores de pânico e os desertores; nosso povo não deve temer a luta, tomando parte ativa em nossa luta patriótica contra os opressores fascistas”: essas instruções, do grande Stalin no início da Grande Guerra Pátria, é vigente para toda luta popular, como a que travam os camponeses contra o bolsonarismo armado. Em meio à crise que se arrasta há dez anos, de ofensiva contrarrevolucionária, o povo brasileiro se defronta com a difícil situação de identificar quais são os seus inimigos e quem são seus verdadeiros amigos, confundida que se acha sua maior parte, de um lado, pela ação ilusionista do oportunismo que lhes promete maravilhas, mas entrega a realidade de uma democracia de merrecas para as massas trabalhadoras e bilhões para os ricaços e, de outro, pela agitação da extrema-direita, dirigida pelo bolsonarismo, que com a bandeira de “salvador da pátria” mobiliza os pobres assustados com os espantalhos de comunismo criados pelos pastores e demais clérigos dos rendosos negócios em nome de Jesus e os desesperados de sempre, das “classes médias”, assombrados pelo medo de virarem pobres. Ambos os lados (isto é, oportunismo e bolsonarismo), enfiados até o último fio de cabelo na farsa eleitoral. E o movimento revolucionário ainda está por dar o salto para romper a “censura” que lhe impõem os monopólios de imprensa e essa ação nefasta de assistencialismo e corporativização que o oportunismo eleitoreiro exerce sobre as massas, tudo no objetivo de ocultá-lo.

É necessário intensificar as ações de combate à ofensiva contrarrevolucionária da extrema-direita e desmascarar seus chefetes pescadores de águas turvas e essa esquerda burguesa oportunista e sua coalizão com a direita liberal, todos afundados nas disputas interimperialistas, peões de tabuleiro de xadrez que deles são, bem como limpar as fileiras do movimento revolucionário de todo tipo de quinta coluna, os arregões, chorões e fujões para liberar todas as energias da luta popular no único sentido de sua emancipação: que haja uma separação clara entre os fortes e os fracos para o avanço da revolução!

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