Os chefes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), vão dar lugar aos sucessores após uma eleição no dia de hoje (1/2). Os mais prováveis sucessores são apontados há meses no jogo de cartas marcadas: Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para o Senado e Hugo Motta (Republicanos-PB) para a Câmara.
Ambos os candidatos têm apoio de siglas que vão desde a falsa esquerda até a extrema-direita. Hugo Motta é apoiado pelo PL, PT, União Brasil, PP, Republicanos, MDB, PSD, PDT, PSB, Podemos, PSDB, PCdoB, PV, PRD, Solidariedade, Cidadania e Rede. Já Alcolumbre tem apoio do PL, PT, PSD, União Brasil, PP, PSB, Republicanos e PDT.
O deputado e o senador são parte do chamado “centrão”, setor que hoje está bem alinhado com o bolsonarismo. O mais provável é que os dois mantenham o jogo de seus antecessores em relação ao governo: a extorsão máxima através das emendas parlamentares e cargos para aprovar qualquer projeto governista, enquanto mantêm nas Casas Legislativas as relações escatológicas com setores que já são ou em breve se tornarão oposição ao governo de Luiz Inácio (PT).
Histórico
Hugo Motta foi um pupilo de Eduardo Cunha. Foi indicado por Cunha ao cargo de presidente da CPI da Petrobras, instalada no âmbito da Lava Jato. Depois, foi voto ausente no processo de cassação de Cunha e continuou amigo do ex-presidente da Casa.
Nos últimos anos, estreitou laços com o bolsonarista Ciro Nogueira (PP-PI). Nogueira foi o responsável por alçar Motta na Câmara, segundo o portal de notícias monopolista Uol.
Recentemente, Motta defendeu a importância das emendas parlamentares para os senadores, deputados, governadores e prefeitos.
Davi Alcolumbre é uma figura mais conhecida por ter sido presidente do Senado entre os anos de 2019 e 2021. Naquele tempo, foi um representante do governo Bolsonaro no Senado.
Alcolumbre se alçou muito por conta da administração das emendas de relator, o chamado “orçamento secreto”. Como presidente do Senado, também encaminhou a contrarreforma da Previdência e a autonomia do Banco Central (medida que transformou o Banco Central em um refém ainda mais direto do imperialismo).
Que farão Lira e Pacheco?
Uma das questões em aberto é o futuro de Arthur Lira e Pacheco. O ministro das Relações Institucionais do governo, Alexandre Padilha, disse que há possibilidade de os ex-presidentes das Casas assumirem cargos no governo, até mesmo ministérios. Se isso ocorrer, vai ser mais um passo na entrega do total do governo de Luiz Inácio ao centrão bolsonarista.
Mas pode ser que Lira não queira entrar na jogada, dada a precária da atual gestão. “[O governo] não está em ordem”, disse ele, ao jornal monopolista Valor Econômico, e “ninguém vai embarcar num navio que vai naufragar”, completou, em referência ao apoio de partidos ao governo em 2026.