SC: Em luta, quilombo celebra formatura

SC: Em luta, quilombo celebra formatura

O Quilombo Vidal Martins, de Florianópolis, ameaçado de despejo de sua terra ancestral pelo governo de Santa Catarina, realizou em 18 de dezembro a formatura solene de 52 alunos. Mesmo prejudicados pela pandemia de Covid-19 (desleixo por parte das “autoridades” oficiais), os estudantes quilombolas e suas famílias mostraram que a diplomação foi mais uma vitória do grupo, que resiste combativamente dentro do Parque do Rio Vermelho, território antigo retomado por eles desde fevereiro de 2020.

“A educação quilombola tem avançado e assumido um papel emancipador”, afirmou orgulhosa Helena Vidal de Oliveira, uma das líderes, ao jornal AND, que foi especialmente convidado para a cerimônia.

Ela informou também, satisfeita, que cinco alunos do Quilombo passaram no vestibular recentemente, e que quase metade dos professores contratados na educação escolar quilombola pertencem à própria comunidade do Vidal Martins.

Quilombo Vidal Martins, de Florianópolis, realiza formatura de 52 estudantes de cinco turmas de 2017 a 2021. Foto: Henry Muratore

Painel com fotos de alguns dos formandos do Quilombo Vidal Martins. Foto: Henry Muratore

ORALIDADE E CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Entre os formandos estavam cinco turmas (Nivelamento, Ensino Fundamental, Ensino Médio) dos anos 2017 a 2021.

Em 2019 após ser reconhecida como fundamental para as comunidades quilombolas foi instituída ali a disciplina Saberes e Fazeres, “com habilidades e competências fundamentadas nos eixos da educação quilombola”, conforme explicou a também líder Shirlen V. de Oliveira, irmã de Helena. Estas seriam: oralidade, ancestralidade, mulher quilombola, territorialidade, cultura afro-brasileira, africanidade e saberes locais, e tecnologias sustentáveis.

Hoje a educação escolar quilombola Vidal Martins se localiza na própria área da Retomada, no Camping do Parque Rio Vermelho, “com infraestrutura adequada e salas de aula com carteiras e quadros; contando ainda com  banheiros e cozinha comunitária”. Além de uma biblioteca, apelidada de “quilomboteca”.

Leia também: SC: Quilombolas se rebelam e retomam terra ancestral

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