Edição de ‘La Vanguardia’ em homenagem a Hans Beimler
Com informações do blog Dazibao Rojo
Esta semana completaram-se 124 anos do nascimento do comunista Hans Beimler. Metalúrgico, nasceu no dia 2 de julho de 1895, em Munique, cidade bávara na Alemanha, e lutou na Primeira Grande Guerra Imperialista, ocasião em que trabalhou em um navio que procurava minas. Foi neste período que se tornou membro do Partido Comunista da Alemanha. Nele, tomou parte da Revolução Alemã de 1918 e na rápida experiência socialista da República Popular Bavariana.
Durante os anos 1920, foi indiciado inúmeras vezes por suas atividades políticas, ascendendo a membro do Comitê Central do Partido Comunista da Bavária, e se tornou, em 1932, deputado do Reichstag. Um ano após sua eleição, Hitler e seu partido nazista assumem a cabeça do Estado e Hans foi detido no campo de concentração de Dachau, onde foi brutalmente torturado pelos nazistas. Ele foi o único aprisionado a conseguir fugir do famoso campo de Dachau: o militante comunista, um dia antes de sua execução, estrangulou o guarda da SS (organização paramilitar nazista) que o vigiava e se disfarçou com seu uniforme. Sua mulher e irmã também foram levadas a campos de concentração.
Logo após sua fuga, em demonstração de seu internacionalismo, militou em Praga (atual capital da República Checa), em 1934, organizando o grupo de assistência comunista Red Aid. Hans também foi um dos primeiros estrangeiros a se juntarem às Brigadas Internacionais que lutaram contra o fascismo na Guerra Civil Espanhola.
Ele fundou, no mesmo ano, o Batalhão Thälmann, em homenagem ao líder do Partido Comunista da Alemanha, Ernst Thälmann, que foi detido pela Gestapo (polícia secreta) em 1933 e preso em confinamento solitário por 11 anos, antes de ser morto por ordem direta de Hitler, em 1944.
Em 7 de novembro de 1936, Hans foi enviado para Madri, capital da Espanha, como comissário político do Batalhão Thälmann e se destacava por sua disciplina rígida, lealdade à causa, interesse por aspectos técnicos da guerra e ausência de motivações egoístas, como medo e o aventureirismo.
No dia 1° de dezembro, morreu na batalha de La Carretera de La Coruña, durante a heroica defesa de Madri contra as tropas franquistas (em alusão a Francisco Franco, líder fascista) que cercaram a cidade. Sua vida e sua morte se tornaram um símbolo para os voluntários das Brigadas.
A seu enterro compareceram centenas de pessoas, e sua luta inspirou o escritor Rafael Alberti, que o dedicou um poema:
¡Frente rojo!, dijo el héroe.
Y cayó en tierra Hans Beimler.
Lo oyeron los españoles,
lo oyeron sus alemanes,
franceses e italianos,
lo oyó Madrid, lo oyó el aire,
lo oyó, temblando, la bala
nacida para matarle.
¡Frente Rojo!, y cayó en tierra
castellana, de leales,
quien vino desde muy lejos
a sembrar aquí su sangre.
¡Frente Rojo! Que lo escuche
la Alemania de las cárceles
y verdugos que levantan
las secas hachas que caen
sobre los cuellos que nunca
jamás quisieron doblarse.
¡Frente Rojo! Suene, silbe,
cruce como bala, estalle
por mar, por tierra, por cielo,
por astros, por todas partes,
vertiginoso, este grito
– ¡Frente Rojo! – hasta clavarse,
profundo, en los corazones
que lo quieran, que lo amen,
que lo griten – ¡Frente Rojo! –
como lo gritó Hans Beimler.
Madrid, que tiene memoria,
lo gritará hasta quedarse
las bocas de sus fusiles
secas de tanto gritarle.
¡Frente Rojo! Silba el tren,
campo de España adelante.
Se descubren las aldeas,
los pueblos y las ciudades.
Entre huertos y jardines,
banderas y naranjales,
Valencia saluda el cuerpo
–¡Frente Rojo!- de Hans Beimler.
Los mares de Cataluña,
sus viñas, sus olivares,
las ramblas de Barcelona
-¡Frente Rojo!- de Hans Beimler.
¡Paris, Paris! Tus obreros,
cantando, en hombros lo traen,
llevándolo hacia los barcos
que se llevan a Hans Beimler,
ya que su patria alemana
caminos no quiere darle.
¡Frente Rojo! Por Moscú,
por la plaza Roja, grandes
cortejos y multitudes
y cantos van a enterrarle.
¡Frente Rojo! Junto a Lenin,
allí, tranquilo, descanse.