Em show patético, Ricardo Salles tenta intimidar camponeses em meio à CPI 

No dia 29 de maio, uma comitiva liderada pelo deputado reacionário Ricardo Salles (PL-SP) importunou camponeses pobres no Pontal do Paranapanema, região Oeste do estado de São Paulo.
Reacionário Ricardo Salles, relator da "CPI do MST". Foto: Reuters
Reacionário Ricardo Salles, relator da "CPI do MST". Foto: Reuters
Reacionário Ricardo Salles, relator da "CPI do MST". Foto: Reuters

Em show patético, Ricardo Salles tenta intimidar camponeses em meio à CPI 

No dia 29 de maio, uma comitiva liderada pelo deputado reacionário Ricardo Salles (PL-SP) importunou camponeses pobres no Pontal do Paranapanema, região Oeste do estado de São Paulo.

No dia 29 de maio, uma comitiva liderada pelo deputado reacionário Ricardo Salles (PL-SP) importunou camponeses pobres no Pontal do Paranapanema, região Oeste do estado de São Paulo. A presença da comitiva nas terras e acossamento dos camponeses em dois acampamentos diferentes ocorreu durante “investigações” da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o MST, na tentativa de refrear, com criminalização, as vigorosas tomadas de terra que tomam impulso por todo país.

A escolha do início das diligências em acampamentos da Frente Nacional de Luta (FNL) no Pontal do Paranapanema se deve ao fato de que, em fevereiro deste ano, mais de 2,5 mil camponeses tomaram nove latifúndios junto da organização nos municípios de Marabá Paulista, Mirante do Paranapanema, Presidente Epitácio, Presidente Venceslau, Rosana, Sandovalina e Teodoro Sampaio. 

Contra a crise e por terra para quem nela vive e trabalha, os camponeses ocuparam os latifúndios e resistiram bravamente a ataques da Polícia Militar (PM) e pistoleiros, que ameaçaram de morte, agrediram camponeses e destruíram seus pertences. Diante do recrudescimento da luta camponesa, foi lançada uma campanha de perseguição e criminalização contra os camponeses, como a prisão dos líderes da Frente FNL, o histórico dirigente camponês José Rainha Júnior e o militante Luciano de Lima, e a edição da “Lei da Grilagem” em SP.

Leia também: SP: Tarcísio entrega terras a latifundiários com descontos de 90%

Comitiva faz reunião com latifundiários e policiais

A agenda da diligência dos membros da comitiva não foi posta a público. Entretanto, sabe-se que a primeira ação dos deputados na manhã do dia 29/05, chegando em Presidente Prudente (SP), foi uma reunião com policiais civis do Departamento de Polícia Judiciária do Interior (DEINTER) e latifundiários da região. Estavam presentes, na reunião, os delegados responsáveis pela prisão de Zé Rainha e Luciano de Lima. De lá, os deputados se encaminharam para os acampamentos da FNL.

Salles tenta intimidar e humilhar camponeses

As “investigações” nos acampamentos foram acompanhadas de um forte aparato policial, com direito a exposições “midiáticas” publicadas nas redes sociais dos deputados. Um dos vídeos mostra o relator reacionário Ricardo Salles abordando um grupo de camponesas e “apresentando-as” à latifundiária dona das terras. 

“Vocês queriam saber quem era a proprietária, tá aqui”, disse Salles. “A terra, como a gente comentou, tem dono”. Por fim, a latifundiária ameaça: “Tem dono aqui, tá. Vai juntando a malinha que aqui vocês não vão ficar”.

Ao contrário do que afirma Salles, uma pesquisa do portal De Olho nos Ruralistas aponta que, na verdade, a terra não tem dono. No dia 2 de março deste ano, a 7ª Vara Cível da Comarca da Região Metropolitana de Londrina determinou a penhora da fazenda, e as terras estavam desocupadas há pelo menos dez anos, entre disputas por posse dos latifundiários, quando foram tomadas pelos camponeses organizados pela FNL em 2020.

Latifúndio e velho Estado criminalizam e promovem guerra contra os camponeses

Sobre o prosseguimento das investigações da CPI, o reacionário Ricardo Salles informou que será feita uma apresentação em vídeo das informações colhidas e os deputados devem receber dois ex-presidentes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e um governador de estado para “falar das invasões em outros estados da federação”. Além disso, Salles disse que a comitiva poderá voltar ao Oeste Paulista para diligência com Zé Rainha na Penitenciária de Caiuá, onde encontra-se detido por perseguição política.

A repressão contra a luta camponesa, entretanto, não se dá apenas nos âmbitos legislativos e judiciários do velho Estado. Nos rincões do Brasil ocorre uma verdadeira guerra civil reacionária no intento de frear a luta pela terra: segundo o relatório “Conflitos no Campo 2022”, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a luta pela terra se agudizou no ano de 2022 e teve como palco principal a região amazônica. 

Foram 1.572 conflitos por terra registrados, um aumento de 16,7% em relação ao ano de 2021. Esses conflitos, desde atentados contra camponeses até novas tomadas de terras, mobilizaram 181.304 famílias camponesas, aproximadamente 725 mil pessoas. Somente nas áreas da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), na região amazônica, em Rondônia (RO), quatro camponeses já foram assassinados por tropas paramilitares a mando do latifúndio desde o início deste ano. Tais ações brutais não passam de reação torpe à inevitabilidade da rebelião camponesa contra os séculos de reinado do latifúndio no Brasil.

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