Por todo o país, professores continuam as greves exigindo o pagamento do piso salarial e reajustes nos pagamentos. Mobilizada, a categoria conta com o apoio de estudantes que realizam protestos contra o Novo Ensino Médio (NEM). Em alguns municípios, como Peixes, no Tocantins, os professores mantém sua greve há mais de um mês enfrentando as decisões antipovo do judiciário, que declarou a greve ilegal, permitindo que seus contracheques fossem zerados pela prefeitura. No Maranhão, estudantes realizaram manifestações e marchas em apoio aos professores.
A mobilização massiva dos professores é parte da luta do povo brasileiro contra a crise econômica, a miséria e a superexploração. Em fevereiro deste ano, a cesta básica no país, na comparação com fevereiro de 2022, aumentou em 8,91%. A inflação para este ano também foi revisada e jogada para cima, passando de 4,6% para 5,5%, no mesmo período em que o Banco Central (BC) fixou em 13,75% a taxa básica de juros (Selic).
A situação dos professores é preocupante: a remuneração dos professores brasileiros é a pior de todos os 40 países incluidos em um estudo de 2021 realizado pela Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) que pesquisou o piso salarial dos docentes. O Brasil está em último lugar, atrás de todos os países da América Latina.
Atualmente, o piso nacional para os professores é de R$ 4.420,55. Segundo pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o mínimo para atender, hoje, as necessidades básicas de uma família é de R$ 6.388,55.
TO: Professores de Peixe mantém greve contra a criminalização da luta
Os professores do município de Peixe têm se mobilizado na luta por uma remuneração digna. Frente a ataques da prefeitura e da “justiça”, deflagraram uma greve no fim de fevereiro. Cerca de 150 professores grevistas tiveram seus pontos cortados em 28/03 pelo prefeito Augusto Cezar (MDB), após decisão judicial que declarou a greve ilegal. Os professores não foram sequer avisados do corte dos pontos com antecedência.
Os professores do muncípio estão desde 2020 sem receber seu reajuste salarial e tiveram a aplicação do piso em 2023 suspensa na cidade por decisão da “justiça”.
“É uma decisão no mínimo covarde com a categoria. O prefeito assina mais que um corte da folha de ponto, ele guilhotina o direito por melhores condições salariais e instala o caos e a fome na casa das famílias afetadas”, disse a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins (Sintet) regional de Gurupi, Gabriela Zanina.
MA: Professores em greve realizam manifestações e recebem apoio de estudantes
Centenas de professores estaduais do Maranhão realizaram mais uma grande manifestação em 28/03, em frente à assembleia legislativa. Revoltados após serem impedidos de entrar no local, eles bloquearam a avenida em frente à assembleia.
Os professores iniciaram sua greve em 07/03 e, desde então, realizam grandes protestos, que contam com o apoio dos alunos. No dia 17/03, estudantes dos municípios de Bacabal, Imperatriz, e outros, realizaram manifestações e marchas em apoio à greve dos professores.
E mesmo após o judiciário declarar sua greve como “ilegal”, eles prosseguem mobilizados. Atualmente, há 12 escolas totalmente paralisadas e 8 parcialmente.
RN: Professores estaduais decidem por continuação da greve
No Rio Grande do Norte (RN), os professores da rede estadual de educação decidiram, em 29/03, manter a greve por tempo indeterminado. O movimento grevista já atinge 22 dias, tendo iniciado em 07/03. Eles exigem a implantação do reajuste de 15% no piso salarial da categoria. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do RN (Sinte/RN), 10 mil professores da rede são afetados e mais de 60% já aderiram à paralisação.
A proposta atual do governo do estado dispõe que os professores só começarão a receber o retroativo do reajuste no ano de 2024, o que é criticado pela categoria que exige o pagamento imediato.
RS: Professores municipais em greve realizam manifestações e panfletagem
Professores da rede municipal de Guaíba (RS), na região metropolitana de Porto Alegre, decidiram em 28/03 continuar a greve que já dura mais de duas semanas com 80% dos profissionais paralisados. Os professores têm realizado dezenas de protestos em frente às escolas municipais de Guaíba durante o período de greve e panfletagens nas praças públicas.
O salário dos professores, que recebem cerca de R$ 2 mil, já está defasado em 44% em relação ao piso nacional. A prefeitura propôs míseros 6% de reajuste, que manteria o município com um dos pisos mais baixos do país.
PA e SP: Professores de Almeirim e Limeira iniciam greve
Os professores de Almeirim (PA) decretaram greve no dia 28/03. Eles denunciam que recebem um dos piores salários do estado: seu piso é de R$ 2.891,03, enquanto o nacional é de R$ 4.420,55.
A prefeita Maria Lucidalva (MDB) tem feito tudo ao seu alcance para negar o piso e reajuste aos professores, inclusive barrando um projeto de lei municipal. Segundo denúncia dos professores, as verbas chegam mas não são repassadas.
Além disso, os professores se unem às reivindicações dos alunos e de toda a comunidade escolar, reivindicando melhorias na merenda escolar. Além disto, por conta de problemas no transporte, estudantes da zona rural tem sido impedidos de frequentar a escola. No ano passado, o total de dias letivos perdidos por conta dos serviços precários oferecidos pela prefeitura chegou a 100 dias. Neste ano iniciaram suas aulas atrasadas.
Já os servidores municipais de Limeira (SP), entre eles os professores, entraram no segundo dia de greve no dia 28/03 e realizaram uma manifestação em frente à prefeitura. Eles exigem, além do reajuste integral de 15%, a contratação de mais professores. Eles denunciam que muitos professores esdtão sobrecarregados com jornadas de trabalho extenuantes que não são devidamente remuneradas. Há um grande número de professores doentes. A prefeitura, atualmente, propõe apenas 13,45% de reajuste.
PE: Professores de Caruaru entram em estado de greve
No dia 27/03, os professores da rede municipal de ensino de Caruaru, agreste de Pernambuco, decretaram estado de greve, após uma audiência que tratou do Plano de Cargos, Carreira, Desenvolvimento e Remuneração (PCCDR). Os trabalhadores denunciam que, além de o prefeito ter encaminhado o plano à câmara sem diálogo com os professores, ele foi formulado pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM), com sede no Rio de Janeiro e que não conhece a realidade dos professores de Caruaru.
No projeto de PCCDR imposto pela prefeitura, o professor que realizar doutorado terá redução de 50% da sua remuneração em comparação ao plano vigente, mesmo com elevação de nível. Além disso, há redução de 30% nos salários dos professores que se formaram em magistério.
O reajuste proposto será desigual para cada profissional. A proposta no pagamento do reajuste pela prefeitura excluiu completamente os professores aposentados, e, para alguns professores, a proposta de reajuste chega a míseros R$ 0,42.