Em vez de agir contra pistoleiros, Polícia Civil prende indígenas no Mato Grosso do Sul 

Indígenas foram presos por organizar retomadas de áreas próximas a reserva. Foto: Leandro Holsbach/Campo Grande News/Reprodução

Em vez de agir contra pistoleiros, Polícia Civil prende indígenas no Mato Grosso do Sul 

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Três indígenas do Mato Grosso do Sul, estado onde os Guarani-Kaiowá estão sendo violentamente açoitados por pistoleiros, foram presos no dia 9 de agosto pela Polícia Civil por participarem de ações de tomadas de terra em Dourados. 

As informações dão conta de que os indígenas lideravam ocupações em sítios, empresas e na área de construção de um megaempreendimento residencial ao redor de uma Reserva Indígena. Os indígenas afirmam que as terras foram roubadas por latifundiários locais. 

Dois dias antes das prisões, indígenas Guarani-Kaiowá do estado bloquearam a MS-156, no trecho do Anel Viário de Dourados em um protesto contra o marco temporal e em solidariedade aos guerreiros de Douradina, cidade onde pistoleiros deixaram 10 feridos em um ataque depois de duas semanas de cerco à Terra Indígena Lagoa Panambi. O trecho bloqueado também fica ao redor da reserva. 

A prisão dos indígenas lança ainda mais peso na hipótese levantada pelos indígenas de que há combinados entre os pistoleiros, latifundiários e as forças policiais para que reprimam a luta indígena em conjunto. Em outras palavras, que a polícia atue a serviço do latifúndio.

As mobilizações, nesse sentido, são uma resposta à série de crimes que os Guarani-Kaiowá tem sofrido nas últimas semanas. Na semana passada, o indígena Catalino Gomes Lopes, de 49 anos, foi atropelado por uma caminhonete Hilux em Dourados. O velório ocorreu em clima de luta no mesmo ponto da MS-156. 

Há semanas, os indígenas de Douradina enfrentam um cerco violento de pistoleiros e latifundiários contra três retomadas diferentes da TI Lagoa Panambi. Os grandes fazendeiros e mercenários cercaram a área com caminhonetes e ficaram por dias intimidando os indígenas. 

A Força Nacional acompanhou a situação de perto, até que no dia ⅜, abandonou as redondezas da TI sem explicações. O ataque que deixou 10 indígenas feridos ocorreu logo depois. 

Nem a Força Nacional, nem as polícias têm buscado coibir a ação da pistolagem. Pelo contrário, as ações levantam suspeitas de ações combinadas entre os pistoleiros e as forças policiais. 

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