O presidente ultrarreacionário do Estados Unidos (EUA) Donald Trump fortaleceu o caminho da reacionarização no país com a declaração no dia de hoje (21/1) de um estado de “emergência nacional” – medida que permite ao presidente implementar políticas de forma unilateral mais facilmente.
O estado declarado aprofunda a reacionarização no caminho do absolutismo presidencialista ao concentrar mais poderes no Executivo e das forças de repressão federais (Forças Armadas e serviços de inteligência), que interferem no governo através do complexo industrial-militar ianque, o Pentágono. Essa forma de governo se diferencia da reacionarização fascista por não envolver, por exemplo, a corporativização das massas.
Os decretos materializaram o tom de Trump no primeiro discurso da posse, esbravejado no dia 20/1 com um tom chauvinista e anti-imigração.
Repressão aos imigrantes. Trump declarou uma “emergência de segurança nacional” nas fronteiras, o que se traduz na permissão para envio de tropas para a fronteira com o México e maior flexibilidade no uso do orçamento. “Vamos mandar tropas para acabar com a invasão”, prometeu Trump.
Ele também vai pedir que a procuradoria recomende a pena de morte para estrangeiros, segundo o portal monopolista Uol.
Um outro decreto contra os imigrantes busca acabar com a concessão de nacionalidade norte-americana para crianças que nascem de pais imigrantes sem documentos legais no EUA. O decreto será questionado no judiciário.
Ele também disse que os cartéis de drogas serão classificados como grupos terroristas. Falta Trump explicar como a medida vai se refletir nas agências de inteligência ianque que possuem vastos acordos com os cartéis e lucram com a travessia de imigrantes na fronteira.
Intervencionismo na América Latina. Trump renomeou o Golfo do México como Golfo da América a partir de um decreto, parte da política intervencionista que planeja para a América Latina. Trump também pretende aumentar os impostos para bens mexicanos.
Mais abaixo do continente, o Canal do Panamá voltou a ser alvo. “Os chineses controlam o canal”, disse Trump, que prometeu “toma-lo (o canal)”. Ontem, uma grande manifestação no país da América Central rechaçou o discurso de Trump. Os manifestantes incendiaram bandeiras do EUA durante a marcha.
Questionado sobre o Brasil, Trump disse que espera ter uma “grande relação” com o País. Disse, contudo, em tom chauvinista, que “eles (os brasileiros) que precisam de nós. Nós não precisamos deles. Todos precisam de nós”. A declaração é uma mentira, visto que a economia ianque se baseia na espoliação econômica dos países semicoloniais e coloniais.
Em dois atos finais sobre a América Latina, Trump recolocou Cuba na lista dos países que patrocinam o terrorismo, o que vai aprofundar as sanções contra a ilha (o decreto havia sido retirado por Biden no final do governo) e disse que deixará de comprar petróleo da Venezuela.
Falsa polarização. O início do governo de Trump foi marcado pelo incentivo à falsa polarização entre as máfias Republicana e Democrata. O nível foi tanto que Biden chegou a assinar, nos minutos finais como presidente, um “perdão preventivo” para membros da sua família, com medo de que Trump use o judiciário contra o ex-presidente.
“Minha família tem sido submetida a ataques e ameaças implacáveis, motivados apenas pelo desejo de me prejudicar – o pior tipo de política partidária”, escreveu Biden. “Infelizmente, não tenho motivos para acreditar que esses ataques vão acabar.”
“É por isso que estou exercendo meu poder sob a Constituição para perdoar James B. Biden, Sara Jones Biden, Valerie Biden Owens, John T. Owens e Francis W. Biden”, complementou ele. “A emissão desses perdões não deve ser confundida com um reconhecimento de que eles se envolveram em qualquer irregularidade, nem a aceitação deve ser mal interpretada como uma admissão de culpa por qualquer ofensa”.
Apesar de baseado na falsa da polarização entre os Republicanos e Democratas (uma vez que a verdadeira polarização está entre a burguesia imperialista e o proletariado norte-americano), a ação de Biden não deixa de demonstrar o nível da crise política no Estados Unidos (EUA).
Ataque aos direitos das mulheres. Trump também prometeu eliminar o direito das mulheres ao aborto. Um portal governamental sobre o direito, do sítio ReproductiveRights.gov, foi retirado do ar. O aborto é um dos direitos mais básicos das mulheres, relacionado aos direitos sobre o próprio corpo.