Bolsonaro, Mourão e outros generais estão entre os beneficiados com a portaria dos super salários. Foto: Reprodução
Não há crise que cesse a voracidade dos mesquinhos interesses das classes dominantes do nosso país. Pelo contrário, elas se mostram ainda mais desavergonhadas nos momentos críticos, onde se torna mais profundo e visível o abismo que separa a penúria do povo e a abundância dos “de cima”.
Enquanto mais da metade da população do nosso país vive em situação de “insegurança alimentar” (sem comida suficiente ou passando fome) e o governo oferece um auxílio emergencial de míseros R$ 250 para uma pequena parcela dos milhões de pobres e miseráveis de nosso povo, o mesmo governo fez uma portaria para permitir que reservistas e outros servidores recebam além do teto constitucional, gritantes R$ 39.200.
Dentre os beneficiados por essa portaria, merecem destaque os vários generais que habitam o Executivo. O senhor Hamilton Mourão, por exemplo, terá um aumento de R$ 24.000 em seu salário, passando a receber R$ 63.511 de remuneração bruta; Luiz Eduardo Ramos, ministro da Casa Civil, terá um aumento de R$ 27.070; o Ministro da Defesa, Braga Netto, receberá mais R$ 22.759. Jair Bolsonaro, por sua vez, irá incorporar aproximadamente R$ 2,3 mil ao contracheque.
Tudo feito com o aval do STF e do TCU
Merece destaque a justificativa dada pelo Ministério da Economia para tal aberração, que é “adequar o cálculo do teto remuneratório constitucional” ao entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o tema, assunto tratado ainda em 2020.
Enquanto áreas como Educação e Ciência e Tecnologia sofrem cortes severos, o custo aos cofres públicos da nova portaria será, para o ano de 2021, de R$ 181,32 milhões.