Impulsionados pela potente greve nacional de 31 de março e 1° de abril, mais de 200 motoristas de aplicativo de vários cantos do País se reuniram no dia 9 de abril em uma plenária virtual organizada pelo Comando Nacional do Breque dos Entregadores para discutir os rumos do movimento. A resolução central foi a decisão para uma nova greve nacional, que terá a data ainda definida.
Enquanto os trabalhadores discutem com as lideranças locais e bases do movimento a melhor data para o movimento, eles já definiram que vão participar nas mobilizações do dia 1° de maio, o Dia do Internacionalismo Proletário.
O objetivo central é reforçar que os entregadores por aplicativo são trabalhadores que enfrentam rotinas desgastantes, ausência de direitos trabalhistas, insegurança no trabalho e falta de reconhecimento. “A sensação entre nós é clara: não há nada a comemorar. Mas há muito pelo que lutar, e lutaremos ao lado de outros trabalhadores igualmente precarizados”, afirmou o comando em nota oficial.
O correspondente local de AND em Maringá conversou com motoristas de aplicativo da cidade sobre a mobilização. A cidade foi uma das 59 que foram palco da última greve. Para a liderança, Paulo Alberto Junho, as perspectivas são positivas, embora não haja ilusão de que os bilionários e o governo queiram atender os interesses do trabalho. “Nós vamos forçá-los”, defendeu Paulo. Ele diz que a greve de abril e março foi só um pontapé inicial, e que a mobilização vai continuar “até que o iFood nos dê uma resposta e tome uma decisão que nos atenda”.
Na entrevista, o entregador denunciou falsas personalidades que atrapalham o movimento. “Há muitos políticos falsos, né? Que falam que apoiam a categoria para ganhar mídia em cima do movimento. E blogueiros que com certeza estão sendo pagos pelo IFood para eles falarem mal do movimento.”
Ele contou um pouco de como funciona a rotina dos motoristas de aplicativo, inclusive a sua. Além de motoboy, ele é fotógrafo e servidor público. Nos dias de semana, ele sai de um trabalho e logo passa para outro, no aplicativo, começando uma nova jornada que vai das 17h30 às 23h. Nos fins de semana, como a atividade é maior, ele estica mais a corda, e trabalha até 1h ou 2h da madrugada.
Apesar de chocante, a rotina de Paulo é comum entre os motoristas de aplicativo no Brasil, conforme denunciaram milhares de trabalhadores em uma potente greve que estremeceu os bilionários dos aplicativos entre os dias 31 de março e 1° de abril. Segundo Paulo, somente em Maringá há 5 mil motoristas de aplicativos (iFood, Uber Flash e 99 entrega), dos quais 3,7 mil são trabalhadores fixos e 1,7 mil trabalhadores que rodam esporadicamente.