Entregadores de aplicativo convocam paralisação nacional

Grupos de entregadores de aplicativo – setor composto principalmente pela juventude operária e trabalhadora – convocaram uma paralisação em âmbito nacional marcada para o dia 25 de janeiro.
Entregadores em Brasília durante a paralisação nacional ocorrida em julho de 2020. Foto: Vagner Teixeira

Entregadores de aplicativo convocam paralisação nacional

Grupos de entregadores de aplicativo – setor composto principalmente pela juventude operária e trabalhadora – convocaram uma paralisação em âmbito nacional marcada para o dia 25 de janeiro.

Grupos de entregadores de aplicativo – setor composto principalmente pela juventude operária e trabalhadora – convocaram uma paralisação em âmbito nacional marcada para o dia 25 de janeiro. Seguindo as mobilizações que ocorreram ao longo da pandemia da COVID-19, os entregadores retomam a mobilização contra a precarização e exploração do seu trabalho pelas empresas donas dos aplicativos e pelas empresas terceirizadas ligadas principalmente ao iFood, que controla a maior fatia do mercado brasileiro.

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Frente à mobilização dos trabalhadores, o apoio à causa dos entregadores foi imediato pelas demais categorias desde sua primeira paralisação, dada a nítida exploração do seu labor e a justa causa em que estão inseridos. A crescente organização também se mostra expressiva, assim como a força e vigor dos trabalhadores em permanecer na luta pela garantia dos seus direitos. 

Dentre as pautas exigidas pelos entregadores estão: o fim das “OLs”, sigla para “Operador Logístico” – empresas terceirizadas contratadas pelo iFood para suprir a demanda de pedidos por meio de entregadores fixos em restaurantes; participação na regulamentação federal do modal de aplicativos; reajuste de tarifa; fim das entregas múltiplas, onde o entregador é chamado para atender múltiplos pedidos de uma só vez; além de seguro veicular para os entregadores. 

Para o ato convocado em Brasília, também está entre as pautas o retorno do plano anual de R$ 9,90 no serviço de bicicletas compartilhadas. Até o ano de 2020, o serviço existente era o +Bike, do governo do DF. Hoje, o serviço é prestado pela empresa Tembici, custando R$ 25,00 por semana para entregadores do iFood.

TERCEIRIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO

O iFood divide seus entregadores em dois métodos de contratação: “nuvem” e “fixo”. O entregador “nuvem” é remunerado por cada entrega efetuada, levando em consideração a demanda de pedidos e a distância percorrida, podendo variar a taxa que o entregador irá receber. O “nuvem” pode “escolher” o horário em que irá trabalhar, podendo ficar inativo na plataforma a qualquer momento, embora o horário de pico seja durante o horário de almoço e janta, sendo assim, as maiores taxas estão disponíveis nesses horários. O “nuvem” enfrenta dois problemas quando está disponível: a elevada demanda de entregadores “nuvens” com quem terá que disputar as entregas e a prioridade que o iFood dá aos entregadores “fixos”, podendo ocorrer do entregador “nuvem” ficar horas disponível no aplicativo e não realizar um número suficiente de entregas no dia.

O entregador “fixo”, diferente do “nuvem”, não possui essa “liberdade” de trabalhar em qualquer horário, pois precisa cumprir um horário fixado pelo restaurante ao qual está vinculado, recebendo pelo tempo que permanece disponível no aplicativo, não importando a quantidade de entregas ou distância percorrida, além de possuir apenas um dia de folga na semana. O iFood faz a transferência dos pagamentos às “OLs”, sendo de responsabilidade dessa efetuá-los, não sendo raro os casos de OLs que dão calotes nos entregadores.

O entregador “fixo” enfrenta além da baixa remuneração e a jornada excessiva de trabalho, a terceirização do seu serviço. O “fixo” exerce as mesmas funções de um entregador contratado pelo restaurante, mas não tendo nenhum direito trabalhista, pois não possui vínculos legais com o restaurante, ou seja, não está apenas vinculado ao aplicativo, mas responde também ao responsável pela empresa terceirizada, conhecido como “líder de praça”, ou “líder de OL”. Na prática, a contratação por “OL” funciona como uma maneira de contratar entregadores sem carteira assinada.

Foto de destaque: Entregadores em Brasília durante a paralisação nacional ocorrida em julho de 2020. Foto: Vagner Teixeira

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