Equador: Após eleições mais militarizadas do país, Daniel Noboa é eleito presidente

Após uma campanha marcada pela violência política, pela militarização de todo o processo eleitoral e pelo boicote massivo às eleições, o latifundiário e grande burguês Daniel Noboa venceu a farsa eleitoral no Equador no dia 15 de outubro.
O candidato bilionário Daniel Noboa foi eleito no pleito mais militarizado da história do Equador. Foto: Marcos Pin/AFP

Equador: Após eleições mais militarizadas do país, Daniel Noboa é eleito presidente

Após uma campanha marcada pela violência política, pela militarização de todo o processo eleitoral e pelo boicote massivo às eleições, o latifundiário e grande burguês Daniel Noboa venceu a farsa eleitoral no Equador no dia 15 de outubro.

Após uma campanha marcada pela violência política, pela militarização de todo o processo eleitoral e pelo boicote massivo às eleições, o latifundiário e grande burguês Daniel Noboa venceu a farsa eleitoral no Equador no dia 15 de outubro. A vitória do magnata já havia sido prevista por organizações democráticas e revolucionárias do país, como a Frente de Defesa das Lutas do Povo – Equador (FDLP-EC), que declarou logo após o primeiro turno que “as exigências do imperialismo para o país e região demandam um governo mais afável, amigável a seus planos, e Noboa se mostra como o candidato mais amigável a esses propósitos”. Na mesma ocasião, a organização também afirmou que “ganhe quem ganhar, nada de bom aguarda nosso povo”. 

Daniel Noboa é o mais jovem gerente de turno eleito da história do país. O novo presidente é um bilionário herdeiro da fortuna de Álvaro Noboa, grande burguês e latifundiário do ramo da exportação de bananas. Antes da vitória de Noboa, a FDLP-EC mobilizou uma massiva campanha de boicote às eleições desde o primeiro turno até o fim da farsa eleitoral. Nesta campanha, os revolucionários equatorianos declararam que, como um representante da fração da grande burguesia diretamente atada ao imperialismo, a vitória de Noboa representaria a abertura ainda maior “[das] condições políticas para que os grandes monopólios nacionais e internacionais devorem ainda mais o país”. 

Violência política e militarização

A vitória de Noboa se deu após um processo de farsa eleitoral no país marcadao pela violência política e subsequente militarização intensiva do país. No dia 9 de agosto, um dos candidatos, Fernando Villavicencio, foi assassinado em um atentado a tiros, cuja autoria do ataque foi reivindicada pelo cartel “Los Lobos”. O atentado escancarou o nível em que se chegou a crise da velha democracia no país, atrelada ao grave quadro de crise econômica, política e moral em que o Equador (e toda a América Latina) está inserido. Por todo o resto do processo, os candidatos frequentemente participavam de seus comícios vestindo coletes a provas de bala e sob um ostensivo esquema de segurança.

No mesmo sentido, no dia 17/08, um tiroteio interrompeu uma carreata do candidato Daniel Noboa, na cidade de Durán, região metropolitana de Guayaquil. Além disso, um ataque cibernético ocorreu contra plataforma de internet utilizada para a votação de equatorianos que vivem no estrangeiro. 

Nesse contexto, o velho Estado equatoriano tratou de aprofundar a militarização do país. Cerca de  100 mil policiais e tropas das Forças Armadas reacionárias do velho Estado foram mobilizados para realizar a “segurança” do processo, tendo ocorrido cerca de 400 prisões no contexto das eleições, 20 delas por posse ilegal de armas.

Boicote ativo

O boicote eleitoral também marcou todo o processo. No primeiro turno, os votos nulos, brancos e abstenções ficaram em primeiro lugar, com somatório de 3,2 milhões de pessoas (mais exatamente, 3.255.241) que rejeitaram a farsa eleitoral. Já no segundo turno, o boicote foi ainda maior, somando quase 3,3 milhões (3.298.766) de pessoas. 

Essa importante demonstração política do povo equatoriano de rejeição à farsa eleitoral é resultado do permanente e árduo trabalho de organizações como a FDLP-EC, assim como é também expressão da falência histórica da velha democracia dos ricaços no país latino-americano. Em uma nota emitida entre o primeiro e o segundo turno do pleito, a organização revolucionária declarou que “devemos insistir em não votar; é uma posição ideológica e devemos apoiá-la aconteça o que acontecer”. 

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