Equador: Movimento revolucionário lança declaração sobre a volta às armas da Farc

Equador: Movimento revolucionário lança declaração sobre a volta às armas da Farc

Foto: Reprodução

A Frente de Defesa de Lutas do Povo (FDLP) do Equador divulgou, no último dia 2 de setembro, o seu posicionamento e crítica sobre a volta às armas da organização Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Na nota, a FDLP coloca que, após a desmobilização e entrega de armas pelos guerrilheiros da Farc ao velho Estado semifeudal e semicolonial da Colômbia, em novembro de 2016, “nada, absolutamente nada mudou em relação às tão apregoadas reformas sociais que pregavam os súditos do imperialismo e do revisionismo de Cuba”.

Os revolucionários equatorianos dizem que “a Farc se desmobilizou e os camponeses pobres ficaram sem terra; as condições de exploração e miséria para os trabalhadores cresceram; o país foi entregue (ainda mais) ao imperialismo ianque, cumprindo, entre outras, a função de garrote do governo e do povo venezuelanos; a autodefesa se fortaleceu, no entanto, mais de 500 líderes camponeses e populares foram assassinados pelo aparato estatal repressivo conivente com o paramilitarismo. Cerca de 200 antigos guerrilheiros também foram mortos por essas mesmas forças de reação”, recordam.

“Mais uma vez o revisionismo cubano é exposto e deixa cair a máscara, mostrando a cara do fracasso, da vergonha histórica. O retorno da Farc às armas também expressa claramente a falência e a inviabilidade dos projetos do chamado ‘socialismo do século XXI’, porque foram justamente estes que propiciaram e geraram as condições logísticas, intermediação etc. para as negociações prévias à assinatura dos acordos assinados posteriormente em Havana”, diz a Frente. 

Reivindicando a questão do poder como central e decisivo entre o caminho da destruição do velho e a construção do novo, a FDLP fiz que a Farc não alcançará o povo e não fará triunfar a causa revolucionária “convocando às armas apenas para lutar contra os interesses da ‘oligarquia’, sem lutar contra toda a maquinaria estatal burguesa-latifundiária”. “Isto é vertebral”, ressalta a nota. 

E prossegue: “A liderança da Farc, ainda se autodenominando comunistas, não deve renunciar à experiência histórica do proletariado internacional. Não se alcança o povo soando tambores de guerra pela reforma, pelo contrário, um propósito tão mesquinho perturba e distrai o verdadeiro objetivo da classe, do povo e dos camponeses pobres”.

Sobre a declaração de Iván Márquez, líder dissidente da Farc, que diz que a guerrilha “não tem como alvo soldados nem policiais respeitosos dos interesses populares”, mas “essa oligarquia excludente e corrupta, mafiosa e violenta que acredita que pode continuar a atravancar a porta do futuro de um país”, os revolucionários colocam que: “embora seja verdade que a polícia e os militares têm suas origens nas entranhas das favelas, dos camponeses pobres, filhos e filhas de trabalhadores, eles assumiram um papel essencial na defesa de seus executores e, portanto, não devem ter nenhuma contemplação: tornaram-se as gárgulas do velho Poder. As guerras na Colômbia, no Peru e em todos os países do mundo revelam que esses mesmos ‘filhos do povo’ foram os que permitiram que as classes opressoras e exploradoras detivessem o poder”. E acrescenta: “O único bom policial ou soldado é aquele que deserta da reação e se coloca ao lado do povo com todas suas armas para lutar decisivamente pelos propósitos deste”.

Os revolucionários do Equador pontuam ainda que “não basta voltar às armas se persistirem em manter a linha ideológica errada, equivocada, porque o fracasso está ao virar à esquina e, mais cedo ou mais tarde, esses esforços acabarão novamente na mesa de negociações e no chiqueiro que é o Congresso. A desmobilização do M19, Ricardo Franco, EPL (hoxaista), Quintín Lame, Farc, entre outros, mostram o verdadeiro objetivo dessas lideranças guerrilheiras: o parlamento como parte da aposentadoria de comandantes de guerra entediados após traficarem com as massas, com os guerrilheiros e com a vida do povo”.

A FDLP conclui afirmando que cabe aos comunistas continuarem desmascarando tudo o que o reformismo armado implica para as massas exploradas: “É importante persistir nisso, especialmente no fato de que por trás desse chamado, a derrota já está programada. Sem a guerra popular, não há destruição da velha máquina estatal. Sem a guerra popular, não há um caminho aberto para o comunismo. Sem a ideologia do proletariado, o Marxismo-Leninismo-Maoismo, não há garantia de poder. Sem uma luta contra o revisionismo, nada será feito”.

De fato, após a capitulação dos grupos guerrilheiros, a concentração de terra na Colômbia continuou. De acordo com o Instituto Geográfico Agustín Codazz, 2.428 proprietários de terra (0,06%) possuem 44 milhões de hectares, ou seja, 53,5% do território colombiano. Em contraste, há 2,2 milhões de pequenos proprietários (55,6%) que possuem 1,7% do território. A maioria destes pequenos proprietários possui terras menores que 3 hectares.

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