O presidente reacionário do Equador, Daniel Noboa, foi reeleito no dia 13 de abril depois de um processo marcado por vários sintomas de um país em crise: tropas do Exército foram lançadas às ruas de várias capitais do País por um decreto de Estado de Exceção assinado por Noboa e, após a vitória, a candidata opositora Luíza González acusou Noboa de fraude.
O estado de exceção levou a graves violações dos direitos do povo. A inviolabilidade do lar foi suspensa nas províncias de Guayas, Los Ríos, Manabí, Orellana, Santa Elena, El Oro e Sucumbíos, além do Distrito Metropolitano de Quito e na cidade de Camilo Ponce Enríquez.
Militarização
Isso faz desse pleito o segundo marcado por uma forte militarização do país. Em 2023, os militares e as polícias também foram acionados depois que o candidato à presidência Fernando Villavicencio foi morto por grupos paramilitares. Na época, organizações revolucionárias disseram que o Estado acionou os militares para reprimir o povo, e que o tráfico e o assassinato, usados como justificativas, eram mantidos na verdade pelas próprias classes dominantes e políticos.
“A crise do velho Estado burguês-latifundiário está se agudizando. Tudo está contaminado pelo tráfico de drogas e pelo crime organizado. Polícia, FFAA, ministérios, presidência. A corrupção é uma panaceia. Agora, entrou-se em um novo momento da disputa, onde ataques e assassinatos são os meios utilizados para se resolverem as contradições”, disse a Frente de Defesa das Lutas do Equador (FDLP-EC).
Fraude nas eleições farsescas
Essa crise entre as classes dominantes pelo governo continua. Depois da vitória de Noboa neste final de semana, a opositora Luíza González acusou que votos à sua candidatura foram perdidos, que houve manipulação de registros, apagões inesperados em locais onde ela teria mais votos, intimidação militar para impedir o trabalho de “observadores e pesquisadores independentes”, mudanças de locais de votação e outras irregularidades.
As denúncias parecem ter repercutido internacionalmente. Segundo o jornal OperaMundi, o governo brasileiro ainda não decidiu se reconhecerá a vitória de Noboa.
Essa é a primeira vez que o partido de Luíza González acusa as eleições equatorianas de fraude, o que não significa que é a primeira vez que as fraudes ocorrem, e sim que a pugna entre os diferentes grupos de poder no Equador tem aumentado. Há anos que as organizações revolucionários do País denunciam o caráter fraudulento das eleições e o pleito como um mecanismo para legitimar a velha ordem no País.
Novo mandato reacionário
Com a reeleição, Noboa oferece a perspectiva de mais quatro anos de violação dos direitos do povo e endurecimento da velha ordem no País. No último mandato, Noboa chegou a decretar uma intervenção militar e sugerir o envio de militares ianques ao Equador para aumentar a repressão sobre o povo.
A justificativa para a repressão foi o nível de atuação do narcotráfico, mas isso não se sustentou: informações veiculadas na imprensa esse ano mostraram que a família Noboa é envolvida com o tráfico de drogas, e que o próprio Daniel favoreceu esses negócios da família. Um exemplo claro de que os principais mantenedores do narcotráfico são justamente as classes dominantes.
Antes mesmo das informações virem à nota, organizações como o Partido Comunista do Equador – Sol Vermelho (PCE-SV) denunciaram em nota a participação ativa de lideranças políticas e das Forças Armadas e das polícias equatorianas, operando com apoio financeiro de bancos e logístico de portos, estabelecendo assim uma variante da burguesia burocrática que se utiliza do poder estatal para potencializar o tráfico de drogas.
Durante a intervenção militar, 12 mil pessoas foram presas, várias delas sofreram torturas e violência sexual e jovens inocentes foram sumariamente executados. Chefiando o novo governo em meio a uma crise institucional ainda mais aguda, o mais provável é que Noboa intensifique a repressão sobre as massas e aqueles que preconizam uma verdadeira mudança no país.