Cerca de 200 moradores da ocupação Vila Esperança iniciaram uma manifestação na manhã do dia 25 de março em frente à prefeitura de Vila Velha, exigindo respostas do gerente de turno municipal Arnaldinho Borgo (ex-Podemos), sobre a questão da moradia de mais de 800 famílias em iminência de reintegração de posse, resposta que não foi dada.
O Ministério Público deu o prazo até o dia 28 de março para que as famílias se retirassem do local de moradia, o que estimulou a revolta pela falta de respostas, os moradores através de seus representantes tentaram por mais de dois anos resolver a situação com o atual prefeito, assim como, todos os meios jurídicos foram tentados.
A manifestação foi reprimida pela polícia e guarda municipal que atingiram as massas com spray de pimenta pelas costas, inclusive crianças, após a promessa de retirada sem violência, além disso, efetuaram a prisão do estudante João Otávio, morador da ocupação.
Os moradores denunciam a prisão como um claro ato político do governo municipal, pois foi uma prisão premeditada e realizada à véspera da reintegração de posse, como uma medida para pressionar os moradores em luta. Prisão ilegal mesmo após audiência de custódia na qual foi fixada fiança de R$ 30.000,00.
O prefeito lançou uma nota na internet dizendo que não permitiria ocupações irregulares no município e se posicionou contra a grilagem, porém a terra já havia sido declarada área de interesse social, o que foi revogado pelo atual prefeito. O requerente da área das ocupações Vila Esperança e Vale da Conquista possui mais de 50 processos de grilagem de terras, e os moradores denunciam que o gerente de turno municipal Arnaldinho, beneficia a especulação imobiliária ao revogar o decreto para a área ser cedida à uma das empresas imobiliárias que quer construir um condomínio de luxo no local.
Para entendermos os interesses presentes na ação do prefeito, é necessário resumir até o momento a história da ocupação e sua relação com a prefeitura. Ainda no mandato do ex-prefeito Rodney Miranda, a área que viria ser conhecida como Vila Esperança foi tomada por em torno de 130 famílias, já no mandato do ex-prefeito Max Filho a área foi decretada como de interesse social, se inicia então um processo de desapropriação da área como parte de um plano de moradia popular, a prefeitura iria pagar em torno de 5 milhões ao proprietário da área para que liberasse a área e o plano de moradia popular pudesse ser realizado. Max Filho entra em acordo com o proprietário e deixa o valor acertado, sobrando apenas o pagamento ser feito pelo próximo gerente de turno municipal.
Após a eleição de Arnaldinho Borgo, logo no início de seu mandato, o atual prefeito se muda para um condomínio de luxo localizado em Itaparica, propriedade do empresário Eduardo Balestrassi, também supostamente proprietário da área da tomada, o atual prefeito remove o caráter da área como de interesse social e toma partido pelo empresário. Eduardo Balestrassi negocia a área com o grupo Alpha Ville. A exigência do grupo é a desocupação das áreas Vila Esperança e Vale da Conquista. A prefeitura passa então a se recusar a receber a comunidade residente da ocupação Vila Esperança.
Os moradores, em um ato de resistência, ocupam a prefeitura de Vila Velha, para demonstrar seu espírito de combatividade na luta pelo seu sagrado e justo direito ao seu pedaço de chão. O que o prefeito de turno, Arnaldinho Borgo, verá são pobres lutando pela defesa de suas casas mais fortes e mais preparados.