Moradores protestam após jovem ser assassinado por PMs em favela de Vitória. Foto: Vitor Jubini
Na manhã do dia 15 de setembro, moradores fizeram um protesto contra a morte do jovem Wagner Julio Cordeiro de Oliveira, de 22 anos. O ato aconteceu no morro do Quadro, no bairro Santa Tereza, em Vitória, capital do estado do Espírito Santo. Wagner foi assassinado durante uma operação da Polícia Militar (PM), no morro do Cabral, no dia 14/09, por volta de 23h. O jovem foi baleado na cabeça, quando estava em uma escadaria.
Durante o ato, os moradores repudiaram o covarde assassinato erguendo barricadas e ateando fogo em objetos. Também levaram cartazes e gritaram palavras de ordem contra a violência imposta pela PM aos moradores da periferia de Vitória.
Policiais da Companhia Independente de Missões Especiais (CIMEsp) e do 1° batalhão da PM estiveram no ato e tentaram intimidar os moradores para acabar com o protesto. Em resposta à repressão, os trabalhadores atacaram dois ônibus.
Os moradores afirmaram que Wagner era inocente e estava desarmado e que os PMs entraram na favela a esmo, buscando qualquer jovem para que pudessem enquadrá-lo como traficante. Outra acusação feita pelos trabalhadores é de que os PMs negaram socorro à vítima e impediram que outros o socorresse. Os PMs deixaram o jovem agonizando por minutos e depois jogaram o rapaz na parte de trás da viatura como se este fosse um animal.
Manifestantes enfrentam PMs e montam barricada. Foto: Vitor Jubini
O fato de Wagner ter sido atingido por um tiro na cabeça confronta a versão dada pelos PMs de que teria ocorrido um confronto.
Uma moradora que estava no protesto e não quis se identificar, denunciou em entrevista ao portal A Gazeta que a PM entrou na favela para matar. “A polícia subiu e deu três tiros no menino. Na hora que a família foi socorrer, não deixaram, falaram que eles mesmo [é quem] iriam levar”, denunciou a mulher.
Ela continua e afirma que se os policiais estivessem ali para efetuar prisões não teriam acertado Wagner com três tiros atingindo o jovem na cabeça. “Carregaram ele igual lixo, ele era um ser humano e levaram ele como se fosse lixo. Se eles quisessem vir aqui para prender, teriam dado tiro em qualquer lugar, mas na cabeça? E três tiros ainda? A gente quer justiça! Se eles vem pra querer dar segurança para a gente, isso não é segurança. É a segunda vida que se vai por conta deles, então a gente quer justiça”, exigiu a moradora.
Trabalhadores põem fogo em entulhos durante protesto no morro do Quadro contra a morte de jovem executado por PMs. Foto: Reprodução