Na última quarta-feira (12/3), a Polícia Militar do estado do Espírito Santo realizou uma verdadeira operação de guerra no bairro de Jabaeté, sob a justificativa de prender três supostos traficantes. A ação, marcada pelo uso abusivo da força, incluiu sobrevoos rasantes de helicóptero nas proximidades do Condomínio Popular Residencial Vila Velha I e da Ocupação Vila Esperança, aterrorizando os moradores.
Essa tática de repressão policial tem sido recorrente. No dia 20 de dezembro de 2024, sob pretexto semelhante, a PM arrombou a entrada do prédio de um apoiador do Comitê de Apoio ao jornal A Nova Democracia, deixando o local aos gritos de “tchau, jornalzinho A Nova Democracia”. O episódio expõe não apenas o caráter intimidador da ação, mas também a perseguição direta contra militantes e ativistas populares.
Na ação mais recente, moradores relataram diversos abusos cometidos pela PM dentro da Ocupação Vila Esperança. Cerca de cinco viaturas cercaram uma das entradas, revistaram moradores, invadiram a sede sem qualquer mandado judicial e acordaram a tapas um morador deficiente visual, expondo o nível com que as forças de repressão atuam contra o povo pobre e trabalhador.
A violência policial, longe de ser um fato isolado, insere-se em um contexto mais amplo de criminalização das lutas populares. O Estado utiliza a justificativa do combate ao tráfico para avançar sobre territórios ocupados pela população pobre, empregando táticas de terror psicológico e violência.
A ocupação Vila Esperança sofre atualmente processo de reintegração de posse e foi relatado por um militante de juventudes que um policial, após o ter revistado, teria se dirigido a ele e afirmado que não era para construir a ocupação porque a reintegração aconteceria.
Um morador, ao relatar sobre os acontecimentos, afirmou que “A guerra declarada contra o tráfico serve como cortina de fumaça para o avanço da criminalização das massas trabalhadoras que lutam por moradia, terra e melhores condições de vida.”