Após denúncias emitidas pela própria população de Barcarena, localizada na mesorregião metropolitana de Belém, no Pará, a respeito da possibilidade do rompimento de barragens de rejeitos químicos da multinacional norueguesa Norks Hydro , o crime anunciado aconteceu na madrugada do dia 17 de fevereiro.
A indústria da Hydro, conhecida por praticar irregularidades territoriais, ambientais e sociais se situa próximo ao porto de Vila do Conde e processa minério de Bauxita para elaborar a matéria prima do alumínio. Entre as irregularidades, está a de que a empresa norueguesa construiu um depósito de resíduos em uma Área de Proteção Ambiental, onde vivem comunidades quilombolas.
Segundo relatos da líder quilombola, Maria do Socorro Silva, as áreas quilombolas estão a apenas mil metros da bacia, sendo eles os primeiros a serem atingidos com o rompimento da barragem. “Não vai sobrar um fio de cabelo nosso, nem os ossos. Meu Deus, precisamos que alguém nos ajude, a bauxita devora tudo. É soda cáustica, bário, chumbo e outras substâncias da morte” afirma a liderança da comunidade Burajuba, poucos dias antes do vazamento ocorrer
Famílias quilombolas e outros moradores da área lutam há anos contra os crimes ambientais da multinacional e alegam sofrer ameaças de morte e perseguições por conta das denúncias. O prefeito do município, Antonio Carlos Vilaça, é dono de várias empresas que trabalham em parceria com a Hydro.
Em resposta ao alagamento em Barcarena, a Norks Hydro nega a culpa pelo ocorrido, atribuindo as causas para o volume excepcional de água e a coloração vermelha (cor decorrente do vazamento de bauxita) das enchentes em problemas climáticos e sociais da região que não envolviam a empresa. Até o momento não contribuindo com nenhuma assistência para os moradores da área.