Espanha: 50 mil pessoas vão às ruas contra cortes na saúde pública

Espanha: 50 mil pessoas vão às ruas contra cortes na saúde pública

No dia 15 de janeiro, 50 mil pessoas tomaram as ruas de Madri em uma manifestação contra o sucateamento da saúde pública no país. As massas denunciaram os sucessivos cortes no serviço público e a privatização da saúde pelo Estado imperialista espanhol. 

Os trabalhadores da saúde também exigiram a demissão ou renúncia de Isabel Díaz Ayuso, presidente da Comunidade de Madri. Segundo eles, Ayuso intensificou os ataques que há anos já ocorriam na saúde pública da cidade. 

Atualmente, Madri é a região da Espanha que menos gasta dinheiro per capita em serviços de Atenção Primária (serviços básicos e preventivos, como consultas, exames e atendimentos odontológicos), apesar de ter a maior renda per capita do país. Das 37 clínicas de serviço de emergência que foram fechadas na capital durante a pandemia, somente 17 foram reabertas. Destas, somente 12 têm  médicos, enquanto as outras contam somente com profissionais da enfermagem.

A mobilização foi a 97° edição da chamada “maré branca”, nome dado às massivas mobilizações dos trabalhadores da saúde que ocorrem há pelo menos 11 anos. 

A “maré branca” de dezenas de milhares de trabalhadores da saúde e apoiadores do protesto bloqueou uma importante rotatória no centro de Madri. Os manifestantes exigiram aumento nos investimentos na saúde e ergueram cartazes contra os cortes e a privatização

UMA DÉCADA DE ATAQUES À SAÚDE PÚBLICA

Os cortes denunciados na manifestação do dia 18/01 não são um fenômeno novo na Espanha. Há pelo menos 11 anos, a saúde pública na Espanha tem sido gravemente fustigada por meio de cortes e privatização de serviços. 

Os ataques contra  a saúde sofreram um salto no ano de 2010, sob os efeitos da crise do imperialismo de 2009. Em 2015, os gastos do Estado imperialista espanhol foram menores que em 2010: o orçamento inicial da saúde diminuiu 9,6%, os gastos com equipe, 7,2% e o orçamento de investimento, 62,2%. 

Atualmente, somente 47,2% dos funcionários da Atenção Primária são trabalhadores permanentes. As clínicas de saúde do país contam com um quadro extremamente reduzido de funcionários, situação na qual um médico é responsável por atender em torno de 70 pacientes em um só dia. Segundo o Ministério da Saúde, a proporção de profissionais e pacientes na Atenção Primária é de 0,66 enfermeiros e 0,77 médicos para cada mil habitantes (pacientes) de uma região. O recomendado, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a proporção de 20 ou 25 pacientes para cada médico. Muitas vezes, as consultas do paciente nem são realizadas e os profissionais de saúde são submetidos a desvios de função e duplas jornadas de trabalho. 

Frente a isso, crescem as mobilizações dos trabalhadores sanitários. No final de 2023, greves foram realizadas em ao menos quatro comunidades autônomas contra a falta de profissionais na Atenção Primária. Em 2023, no dia 12/01, profissionais da Atenção Primária de Madri voltaram a interromper suas atividades, depois de uma paralisação feita durante o natal de 2022. Agora, os trabalhadores da saúde da Espanha prometem greves na Catalunha, Valência, Extremadura, Andaluzia, Navarre e Aragon.  

Imagem de destaque: Dezenas de milhares foram às ruas de Madri conta cortes no serviço público e privatização da saúde. Foto: AP

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