Revolucionários na Espanha convocam boicote às eleições de 23 de julho

PCM Espanha conclama povo ao boicote às eleições, Na foto, massas protestam durante movimento 15-M, em 2011. Foto: Gianluca Battista

Revolucionários na Espanha convocam boicote às eleições de 23 de julho

O Partido Comunista Maoista da Espanha (PCM Espanha) realizou a convocação para uma ampla campanha de boicote às eleições no país, marcadas para ocorrer no dia 23 de julho. Em declaração pública noticiada no portal de notícias “O Arauto Vermelho” (The Red Herald, em inglês), os revolucionários conclamam as massas a tomar parte no boicote ativo e denunciam a crescente militarização do Estado, o imperialismo espanhol e a bancarrota da democracia burguesa. Os revolucionários afirmam ainda que o boicote já têm sido extensivamente aplicado por amplos setores das massas, principalmente entre os mais explorados. Em maio, 36% do povo espanhol boicotou as eleições municipais. Em bairros proletários, a cifra chegou a variar entre 40% e 45%. 

De acordo com os comunistas espanhóis, o caráter farsesco das eleições escancara-se ainda mais no atual momento de desenvolvimento do imperialismo espanhol e bancarrota da social-democracia no país. Eles denunciam ainda como o imperialismo espanhol sobrevive a partir da exploração do proletariado que reside no Estado espanhol e do saqueio e exploração das Nações oprimidas, realizado por meio da exportação do capital financeiro e operações militares disfarçadas de “missões humanitárias”, todos promovidos pelos atuais governos oportunistas da Espanha. As eleições burguesas, por sua vez, ocorrem para legitimar o governo de turno, a velha ordem e o Estado imperialista. 

De forma mais desenvolvida, a declaração demonstra como o imperialismo espanhol, dentro dos conluios e pugnas entre potências imperialistas, vem se aproveitando da concentração do imperialismo ianque (Estados Unidos, USA) na Ucrânia para galgar posições e aumentar seu poderio nas Nações oprimidas. Exemplo são os investimentos massivos realizados pelo Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) no México, feitos sob complacência do imperialismo ianque. O documento afirma ainda como a mesma complacência pode ser observada na África, onde o imperialismo espanhol mantém seu domínio principalmente sobre o Marrocos, país submetido às agressivas leis migratórias do imperialismo espanhol.   

Em troca, a Espanha demonstra apoio incondicional às  ordens do USA e da OTAN no que tange à guerra da Ucrânia. Além disso, a Espanha acatou a ordem de transformação das Ilhas Canárias em uma base militar da Otan, além da instalação de mais bases militares ianques em solo espanhol.

Para os revolucionários, as diferentes medidas do atual governo de coalizão oportunista de Pedro Sánchez (PSOE) e Yolanda Díaz (Unidas Podemos), bem como do revisionista Partido Comunista de Espanha (PCE) servem justamente ao desenvolvimento do imperialismo sobre a exploração brutal do proletariado do Estado Espanhol e das Nações oprimidas. Eles destacam as medidas de proteção e expansão dos monopólios, principalmente dos bancos, empreiteiras e de energia elétrica, os aumentos significativos no orçamento militar e aceite dos planos da Otan, o ataque às liberdades democráticas por meio da continuidade da Lei da Mordaça (lei que na prática pode ser usada contra o povo para enquadrar qualquer protesto como “desrespeito à autoridade”), as severas leis anti-imigração e criação de campos de concentração por meio dos Centros de Detenção de Estrangeiros, o genocídio sistemático contra as massas oprimidas da África, como no Massacre de Melilla, as medidas de retaliação aos presos políticos do país, a imunidade aos grupos paramilitares e fascistas pagos por grandes empresas que atuam na repressão contra ocupações e protestos e o aprofundamento das contrarreformas trabalhistas no país. 

O Partido também denuncia a manipulação de dados sobre desemprego, a corporativização dos sindicatos do país e a política assistencialista do governo, demonstrando claramente a crise interna da social-democracia espanhola frente à crise imperialista mundial. 

Frente a isso, o PCM Espanha declara que: “36% das massas que poderiam votar no dia 28 de maio não o fizeram, uma porcentagem ainda maior nos bairros proletários, demonstrando que as massas mais profundas e mais amplas não têm qualquer esperança de melhoria em suas vidas sob a democracia burguesa. Nesta situação, nossa posição é o boicote ativo, pois ele corresponde ao momento histórico atual. A classe exige liderança!”. 

No cenário internacional, o PCM Espanha declarou que o imperialismo segue a sofrer duros golpes das massas em luta em processos como “as guerras populares no Peru, Índia, Turquia e Filipinas, nas guerras de resistência nacional das Nações oprimidas pelo imperialismo, e na fundação da Liga Comunista Internacional (LCI) após a realização da Conferência Internacional Maoista Unificada”. Os revolucionários classificaram a fundação da Liga como um importante salto na luta contra o imperialismo e contra o capitalismo burocrático “em crise severa, especialmente na América Latina”, região na qual em um punhado de anos se verificaram diversos golpes de Estado e um desenvolvimento enorme na luta camponesa, principalmente no Brasil. 

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: