Em ação repressiva, o Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) agrediu na tarde do dia 19 de outubro servidores do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) que realizavam no pátio da unidade um protesto contra a entrega da administração do Hospital ao Grupo Hospitalar Conceição (GHC). O intuito da ação truculenta foi garantir a entrega de vez da unidade para o Grupo Empresarial, aprovada pelo governo de Luiz Inácio (PT).
Os servidores do Hospital Federal de Bonsucesso já estão em greve desde maio tendo como principal pauta o combate ao fatiamento da rede federal de saúde. No dia 2 de outubro, eles ocuparam as salas da direção-geral do Hospital Federal para impedir que o HFB fosse privatizado.
Mais de uma vez, eles protestaram em frente ao HFB e proibiram a nova direção, ligada ao Grupo Empresarial, de entrar na unidade. Nas manifestações, eles ergueram faixas com as consignas Lula traidor da saúde federal e Nísia (Trindade) traidora do SUS.
Na manhã de Sábado, dia 19, cumprindo um pedido de reintegração de posse feito pela Advocacia-Geral da União (AGU), cerca de 50 policiais federais e militares foram até o Hospital Federal de Bonsucesso para desocupar o local.
Os servidores saíram da unidade, mas continuaram em frente ao HFB para exercer o direito de protesto. Os agentes ligados ao Grupo Empresarial entraram no hospital escoltados por policiais da Polícia Federal e sob vaias dos servidores.
Enquanto isso, um outro grupo de servidores conseguiu entrar no pátio do HFB para manter o protesto em uma área de manobra de veículos. Por volta das 12h, o Batalhão de Choque da Polícia Militar tentou retirar à força os servidores que estavam ali exercendo seu direito à manifestação.
Eles resistiram à truculência do Choque, que logo lançou gás de pimenta contra os servidores e prendeu a servidora Cristiane Gerardo, dirigente do Sindsprev – sindicato responsável pelos servidores do Hospital –, que foi levada à Superintendência Regional da Polícia Federal, na Praça Mauá, RJ.
O governo de Luiz Inácio ordena ação repressiva
O presidente Luiz Inácio recebeu duras críticas e denúncias de representantes do sindicato responsável pelos servidores do Hospital Federal de Bonsucesso. Segundo Sidney Castro, dirigente do Sindsprev, o que ocorreu foi uma política do atual governo de Luiz Inácio.
“Foi uma ação desnecessária. Eles abusaram da truculência e ainda colocaram uma companheira dentro do carro do Batalhão de Choque, usando gás de pimenta. Essa é a política do governo do PT, do governo Lula. Não esperávamos por isso. Fomos para a rua para reivindicar a volta do governo Lula e somos traídos dessa forma”, disse.
Ainda indagou: “Desde o dia 15 de maio que o governo não abre processo de negociação. Tentamos dialogar com o Ministério da Saúde sobre a rede Conceição, sobre a Ebserh, sobre a entrega dos hospitais para o município e não teve diálogo com ninguém. E hoje o diálogo deles é colocar a Polícia Federal e o Choque em cima dos trabalhadores dentro do hospital. Não foi nem na rua. Foi dentro do hospital, onde tem vários servidores de plantão, incluside proibidos de sair do hospital porque, se sair não entra no hospital, mesmo estando de plantão. Trabalhadores de plantão 24h, 12h. Essa é a política do PT. Essa é a política do governo federal junto com o governo Castro aqui no estado do Rio de Janeiro. Vergonha, muita vergonha”
Servidores também denunciaram a falta de interesse em negociar com os servidores do Ministério da Saúde.
“Não houve diálogo em momento algum. O que houve foi um monólogo. O Ministério da Saúde impôs que seria dessa forma. O conselho estadual e municipal de Saúde votaram contra essa medida. Fica parecendo que os servidores são birrentos que não querem melhoria. Somos altamente capacitados. O Ministério da Saúde não investe na nossa formação acadêmica. Todos continuamos com a nossa formação acadêmica. Temos total condição de gerir as unidades. O repasse milionário para entidades envolvidas nessa situação levanta muita suspeita sobre o processo lícito da negociação. A gente não pode deixar de denunciar isso. Justamente porque a nossa denúncia tem outro peso”.