Estado brasileiro e governo Lula utilizam prisão de ‘membros do Hezbollah’ para esconder seu fracasso em trazer brasileiros de Gaza

No dia 8/11, uma operação da PF prendeu dois brasileiros sob a acusação de pertencerem ao grupo libanês Hezbollah. A Operação Trapiche teve o objetivo de “interromper atos de terrorismo” que, supostamente, os dois estariam planejando. Não foram apresentadas provas de como os presos estavam conduzindo o tal planejamento.
Operação que prendeu dois "suspeitos de serem do Hezbollah" é um teatro, uma operação exibicionista e ostensiva para afrontar e descredibilizar a onda de solidariedade internacional ao povo palestino. Foto: Reprodução/Reuters

Estado brasileiro e governo Lula utilizam prisão de ‘membros do Hezbollah’ para esconder seu fracasso em trazer brasileiros de Gaza

No dia 8/11, uma operação da PF prendeu dois brasileiros sob a acusação de pertencerem ao grupo libanês Hezbollah. A Operação Trapiche teve o objetivo de “interromper atos de terrorismo” que, supostamente, os dois estariam planejando. Não foram apresentadas provas de como os presos estavam conduzindo o tal planejamento.

No dia 8 de novembro, uma operação da Polícia Federal (PF) prendeu dois brasileiros sob a acusação de pertencerem ao grupo libanês Hezbollah. A Operação foi batizada de Trapiche e teve o objetivo de “interromper atos de terrorismo” que, supostamente, os dois estariam planejando. Não foram apresentadas provas de como os presos estavam conduzindo o tal planejamento, sendo que um deles foi preso ao desembarcar no aeroporto recém chegado ao Brasil do Líbano. Além das duas prisões, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte e Brasília.

O serviço secreto de inteligência do Estado sionista de Israel, o Mossad, disse que ajudou a PF na ação. O gabinete do primeiro-ministro israelense, que enfrenta isolamento político pelos ataques brutais na Palestina que já deixaram mais de 10 mil mortos, divulgou nota em que afirma que os serviços de segurança brasileiros e israelenses “frustraram um ataque terrorista no Brasil, planejado pela organização terrorista Hezbollah, dirigida e financiada pelo Irã”. A Embaixada do Estados Unidos no Brasil elogiou as autoridades pela “ação rápida e eficaz”. Flávio Dino, ministro da Justiça, comentou a operação afirmando que ela “confirma o compromisso claro do presidente Luiz Inácio de combate ao terrorismo (sic) no país”.

Qual ação terrorista foi evitada? O que é que os presos efetivamente faziam? Por que eles representavam uma ameaça aos judeus radicados no Brasil, à segurança nacional do Brasil e de Israel? 

Todos estes questionamentos deveriam ser respondidos pelas autoridades brasileiras e internacionais envolvidas na operação. Não há nenhuma lei brasileira (ou mesmo internacional) que caracterize o grupo Hezbollah como “terrorista”. Portanto, a prisão é infundada.

Sem entrar no mérito de qual é a capacidade do Mossad e do USA em prever ataques contra si e seus aliados – sobretudo no momento em que se completa um mês das ações dos grupos da Resistência Palestina com quatro mil foguetes que atingiram alvos de Israel –, a PF e o governo federal (a quem responde, em última instância, a PF) não podem omitir informações tão graves sob a escusa de que “o sigilo é necessário à investigação ainda em curso”. Ainda mais quando, pela ausência destas informações, resta somente ao povo a confirmação que se trata simplesmente de um teatro, uma operação exibicionista e ostensiva para afrontar e descredibilizar a onda de solidariedade internacional ao povo palestino não somente no Brasil, mas em toda América Latina e em todo o planeta.

Sabe-se do esforço do velho Estado brasileiro em promover o reforço da legislação “antiterrorismo” – sobretudo desde o governo de Dilma, um ano antes das Olimpíadas. Em 2016 ocorreu uma mega-operação intitulada “Hashtag” que prendeu 10 pessoas acusadas de serem parte de uma célula do “Estado Islâmico”. Na condenação do suposto “mentor”, o juiz federal afirmou que não havia a necessidade de comprovação de especial fim de agir ou da presença de dolo específico. Bastava atos dos acusados que demonstrassem adesão aos “ideais do terrorismo”.

É a penalização de ideias que está pautado, ontem e hoje. Não há investigação de atos concretos. Nada que indique o que ocorreria a partir do “recrutamento” do Hezbollah. Não apresentaram nenhum detalhe de tal “recrutamento”, que foi admitido por um dos presos – qual é o crime envolvido nisso? Afinal de contas, o “extremismo islâmico” e suas supostas “ramificações no Brasil” não são um problema existente no País. Na realidade, estes estão a ser utilizados como um fantoche para omitir a completa incapacidade por parte do governo Luiz Inácio e de sua diplomacia conciliadora com os criminosos de guerra israelenses de resgatar os 34 brasileiros que seguem na Faixa de Gaza, vítimas das maiores infâmias como cerco total que impede a entrada até mesmo de água e comida. E, de quebra, o alinhamento “natural e automático” do Brasil com o imperialismo ianque, principal responsável pelo genocídio palestino que perdura por décadas promovido pelo sionismo.

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