Com informações do comitê de apoio ao AND de Porto Velho
Uma estudante de Direito da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) foi arbitrariamente presa pela PM enquanto fazia agitação contra a farsa eleitoral e denunciava a repressão policial durante o ato nacional contra Bolsonaro, realizado dia 29 de setembro na cidade de Porto Velho, Rondônia.
Os agentes da repressão tentaram justificar a absurda detenção alegando que a jovem havia feito críticas à instituição da polícia durante a manifestação. Em sua fala, a estudante havia denunciado contundentemente a farsa das eleições e também os crimes reconhecidamente cometidos pela PM contra camponeses, os quais não poucas vezes são acobertados pelo monopólio de imprensa serviçal do latifúndio e pelo judiciário.
Após a prisão da jovem, vários manifestantes seguiram para a porta da delegacia juntamente com uma comissão de advogados para prestar apoio e denunciar o caráter persecutório, político e ilegal da detenção.
Desde o momento da arbitrária detenção, movimentos populares e ativistas de Rondônia estão convocando organizações, entidades e personalidades democráticas a emitirem notas de repúdio diante de mais uma demonstração de ilegalidade promovida pelo velho Estado contra o povo.
“Eu só quero que saibam que a minha fala era exaltando as mulheres que estão na luta pela terra. Que enfrentam o terrorismo do Estado todo dia, que são assassinadas, perdem seus companheiros e filhos, mas combatem, resistem e vão para as barreiras das reintegrações de posse”, afirmou a jovem estudante.
Ela relembrou também as mulheres guerreiras que enfrentam os ataques da pistolagem na luta pela terra: “Falei lá: ‘Estamos em guerra, precisamos nos endurecer e lutar com essas mulheres do povo. Nossa luta é revolução, o Estado não é democrático, precisamos estar à altura disso.”.
O longo histórico de crimes da PM de Rondônia
A Polícia Militar de Rondônia tem um longo e conhecido histórico de crimes cometidos contra os camponeses da região. Crimes estes comumente praticados em conluio com os latifundiários locais, conforme denunciado diversas vezes nas páginas de AND.
Dentre um dos mais bárbaros crimes executados por policiais a soldo do latifúndio, citamos um dos que comoveu o país no ano de 2016: o dos assassinatos dos dois jovens camponeses Allysson Henrique Lopes e Ruan Hildebran Aguiar, ex-acampados da Fazenda Tucumã, no município de Cujubim.
Somente neste caso, segundo apontaram as investigações da própria Polícia Civil, estavam implicados pelo menos 3 policiais militares, sendo dois deles oriundos do 7º Batalhão, lotados em Ariquemes (RO) e Cujubim. Todos envolvidos com o latifundiário e pretenso proprietário da fazenda, Paulo Iwakami, conhecido como “Japonês”, que também foi preso na ocasião.
Rondônia é o segundo Estado com maior número de agressões e assassinatos cometidos contra camponeses. Somente em 2017, segundo dados publicados pela Comissão Pastoral da Terra (CTP), 17 pessoas foram assassinadas.
Como provam os fatos, a denúncia que a estudante de direito fez durante o protesto é mais do que verdade comprovada, mas uma necessidade de ser divulgada como prova do caráter antipovo desse velho Estado burguês-latifundiário.