Estudantes da Universidade de Passo Fundo (UPF) criticaram o aumento das mensalidades da instituição, atrelando esse aumento à maior taxa de evasão na universidade, e disseram que os estudantes devem se mobilizar para contornar a alta, segundo uma entrevista em grupo feita pelo correspondente local de AND.
De 12 estudantes entrevistados, todos acham que o aumento da mensalidade gera uma maior desistência dos alunos em relação aos cursos que escolheram. Alguns detalharam como, para um adulto independente, o aumento gera um prejuízo financeiro violento, com impactos na saúde mental. Segundo eles, o salário atual não compete da mesma forma com os valores, e chegaram a conhecer pessoas que tiveram de desistir dos cursos escolhidos ou que migraram para cursos com carga horária 100% de aulas on-line.
Em uma das entrevistas, um estudante detalhou que, no seu caso individual, o valor pago afetava diretamente um tratamento medicamentoso de um familiar que o ajuda com a despesa. Alguns detalharam que não conseguiriam acessar o ensino superior sem acesso à bolsa.
Os alunos também relataram que são obrigados a comer alimentos mais baratos e ultraprocessados para conseguir arcar com os custos de vida. A situação é ainda pior para os alunos que moram fora da cidade e precisam arcar com o transporte, que por vezes chega até R$ 600 por mês, e o transporte de 3 horas por dia. “Tudo aumenta, e no nosso país as coisas estão ficando cada vez mais caras sem ter um aumento de salário”, comentou uma estudante. “Todos ficam muito estressados, é um aumento geral de tudo, tem gente que é pai e mãe aqui, também tem a questão da falta de informação sobre as bolsas”.
Para todos os entrevistados, a mobilização política é a saída. Os estudantes conclamaram os DAs e DCE a representar seus interesses à Reitoria e à área que lida com as finanças da universidade. Eles acham que os dados sobre a situação real da mensalidade e dos alunos devem ser sistematizados e apresentados para deixar claro a justeza da luta.
Estudantes não têm estrutura para serem ouvidos
Em entrevista à correspondência local de AND, o DCE esclareceu questões pertinentes em relação a todo o processo de aprovação do aumento e à estrutura que sufoca a voz dos estudantes. Segundo o órgão, há 25 conselheiros dentro do conselho universitário da UPF, mas somente dois estudantes.
O DCE iniciou uma campanha contra o aumento e destaca a importância da participação dos estudantes para pressionar o conselho a negar o aumento. O DCE produziu panfletos, uma faixa, um texto manifesto e passaram em salas denunciando esse aumento como prejudicial, não só aos estudantes em específico, mas também à própria instituição, pois ao conversarem com universitários, muitos ficaram incrédulos com a notícia, desiludidos com a continuidade de suas formações, informando que trancariam seus cursos.
Em uma das reuniões do conselho, o diretor do curso de Medicina disse que seria positivo se mais bolsas fossem abertas para ingresso no curso. Segundo relato de um estudante de medicina, a mensalidade inicial está custando R$ 14.000,00.
Para tentar justificar a decisão impopular, a Reitoria tenta jogar estudantes contra funcionários, dizendo ser necessário o aumento para cobrir os aumentos salariais dos funcionários, algo questionável, visto que a Reitoria tenta sempre bater um superávit, sendo a mensalidade útil a este objetivo. Rapidamente, os efeitos negativos estão se manifestando: houve 320 evasões no início do semestre de 2025.