Agentes da reitoria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) agrediram e perseguiram, no dia 15 de agosto, estudantes que ocupavam o prédio central da instituição há menos de 24 horas contra uma medida que retira o auxílio estudantil de mais de 6 mil alunos. A ordem de desocupação foi dada pela Reitoria.
A repressão foi coordenada por agentes concursados e terceirizados, que se uniram na repressão. Enquanto alguns reprimiam os estudantes resistentes com socos, pontapés, empurrões e enforcamentos, outros tentaram trancar os portões para impedir a entrada de novos alunos que queriam apoiar a luta.
O vice-reitor Bruno Deusdará e o pró-reitor da universidade Daniel Pinha acompanharam pessoalmente os seguranças. Pinha os incentivou a seguir com os atos de violência contra os estudantes em greve enquanto debochava dos estudantes com beijos e risadas.
Os estudantes resistiram de várias formas: seguranças que tentavam agredir os estudantes eram empurrados para longe; um deles, que tentou capturar um dos alunos em luta, acabou por escorregar no chão e cair quando o estudante se desvencilhou do golpe, conforme registrou um vídeo. No momento de maior tensão, um vidro da entrada da universidade foi estilhaçado por outros alunos revoltosos.
Como ápice da luta, os estudantes se retiraram do hall central mas, em vez de abandonar o prédio, tomaram o rumo da reitoria para ocupar a sala. A luta continua por meio da ocupação erguida lá.
Reitora criminaliza luta
A reitora Gulnar Azevedo usou do episódio para criminalizar a luta estudantil. “Foi inaceitável o que a gente viu ontem”, disse ao monopólio de imprensa.
Ela tentou, ainda, lançar os estudantes contra técnicos e servidores ao dizer que as pessoas “querem trabalhar e ter aula”, mas a luta estudantil impede. Não falou, contudo, como a medida que aprovou e retira o auxílio para mais de 6 mil alunos também elimina a chance desses discentes permanecerem na instituição de ensino. Também não comentou sobre a repressão ordenada.
O mesmo tom de omissão e mentiras foi seguido pelo pró-reitor Pinha, que disse, sem provas, que os alunos mentiam sobre os motivos da ocupação.
Contudo, o próprio Sindicato dos Vigilantes do Município do Rio de Janeiro publicou uma nota de repúdio às ordens para reprimir os estudantes, caracterizadas como “absurdas” e “que colocam tanto os trabalhadores quanto os alunos em risco”.
A entidade também destaca que não compactua “com medidas repressivas contra qualquer movimento que reivindique melhores condições de vida e trabalho”. Os vigilantes da Uerj frequentemente sofrem com salário atrasado e benefícios parcelados.
As táticas de lançar estudantes contra estudantes foram usadas antes pela reitoria. Na noite anterior à repressão, quando a Uerj já tinha sido ocupada, a reitoria suspendeu o expediente do dia 16 de agosto e ordenou o fechamento do Restaurante Universitário – uma medida que os estudantes acusam de ter sido implementada para esvaziar o campus e tentar impedir que novos alunos somassem forças à ocupação.
A expectativa dos estudantes é responder na mesma moeda a truculência que já é marcante da atual reitoria da Uerj. No mesmo dia, uma convocação para uma manifestação que ocorreu às 13 horas chamou atenção para a repressão contra a luta estudantil e mobilizou novos apoiadores para integrar a mobilização até que a “Aeda da fome” seja revogada.