Estudantes e professores de várias universidades do país fizeram atos no dia 26 de outubro para exigir o pagamento de suas bolsas. Os atos foram convocados por estudantes que estão sem receber. Diferentes organizações se uniram ao chamado, entre elas a Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia (ExNEPe).
Desde o início de outubro mais de 60 mil estudantes estão sem receber o pagamento das bolsas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) e da bolsa de Residência Pedagógica (RP). Os dois programas são destinados a estudantes que estão se formando para ser professores.
A manifestação foi convocada nacionalmente para dar resposta aos ataques obscurantistas do governo militar genocida de Bolsonaro e generais contra a educação, sendo o mais recente o não pagamento das bolsas do PIBID e RP, colocando os estudantes que dependem dessa verba, principalmente os mais pobres, em condições cada vez mais precárias.
São Paulo
Em ato na avenida Paulista, estudantes levam faixa denunciando o corte de verbas na Educação promovido pelo governo militar genocida de Bolsonaro/generais. Foto: Banco de Dados AND
Em São Paulo, nesse dia, estudantes, professores, pesquisadores e demais trabalhadores da educação se concentraram na avenida Paulista, no centro da capital, para protestar contra os cortes de verbas e contra os atrasos no pagamento de bolsas dos programas PIBID e RP.
Durante o ato, os manifestantes ergueram uma faixa com os dizeres: Contra os cortes de verbas na Educação! Também foram distribuídos panfletos para os presentes na manifestação e para os trabalhadores que transitavam pela avenida. O documento foi produzido pela Executiva Nacional de Pedagogia (ExNEPe) e denunciava os cortes na educação pública, o risco de fechamentos das universidades federais e o atraso no pagamento das bolsas.
Os manifestantes denunciaram o corte de 87% no orçamento do Ministério da Ciência feito pelo governo genocida e pelo Congresso Nacional. Os presentes no ato repudiaram Bolsonaro e os generais e denunciaram o caráter obscurantista e negacionista do seu governo, que ataca recorrentemente a ciência, a fim de mascarar e justificar o genocídio praticado durante a pandemia de Covid-19. Genocídio este que foi maquiado de negligência e que já ceifou a vida de mais de 600 mil brasileiros.
Ainda durante o ato, representantes da ExNEPe fizeram falas de agitação contra a imposição do Ensino à Distância (EaD) e disseram que tal implementação busca abrir caminho para a privatização das instituições públicas de ensino. Os estudantes também defenderam a luta presencial e combativa.
Panfletos da ExNEPe foram distribuídos por ativistas para participantes do ato e para trabalhadores que passavam pela avenida. Foto: Banco de Dados AND.
Pernambuco
Em Recife, na noite de 26 de outubro, estudantes com cartazes e faixas interditaram duas faixas da BR-101, próximo à Reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para exigir o pagamento imediato das bolsas do Pibid e RP. Os manifestantes foram reprimidos arbitrariamente pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Demonstrando revolta, os estudantes fecharam a rodovia entoando palavras de ordem como Barrar a precarização com Greve de Ocupação. A manifestação ocorreu após estudantes independentes articularem-se para organizar o ato presencial. Contando com a participação de cerca de 30 estudantes, a manifestação ocorreu de maneira vitoriosa. Durante o ato, houve o fechamento da rua com pedras e galhos.
Após o fechamento da via, a PRF chegou ao local e, antes de qualquer tentativa de diálogo, tentou dispersar os manifestantes com spray de pimenta e intimidações. Os policiais, contudo, foram prontamente rechaçados pelos ativistas que, antes de se dispersarem, entoaram a palavra de ordem Voltaremos mais forte e mais preparados!, mesma palavra de ordem utilizada pelos camponeses do Acampamento Manoel Ribeiro, em Rondônia, quando da campanha de cerco e invasão promovida pela Polícia Militar (PM) de Rondônia em maio de 2021.
No dia 26 de outubro, estudantes fecharam rodovia em Pernambuco durante ato nacional contra os cortes de verbas e bolsas. Foto: Banco de Dados AND
Paraíba
Em Campina Grande, no mesmo dia, estudantes e professores da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, se reuniram em frente ao Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido (CDSA) para realizar um ato exigindo o pagamento das bolsas do Pibid e RP.
Leia Também: Estudantes exigem o pagamento das bolsas: ‘Contra os cortes, fortalecer a luta presencial e ocupar escolas e universidades!
Durante o ato, os manifestantes exibiram faixas e cartazes contra os cortes de verbas na educação e pelo imediato pagamento das bolsas do Pibid e RP. Palavras de ordem como: Pela ciência e educação! Não abrimos mão da nossa bolsa, não!, Derrubar os muros da universidade! Servir ao povo no campo e na Cidade!, Nossa LeCampo é pra lutar! O imobilismo não vai nos derrubar! também foram entoadas.
Os estudantes também discursaram em defesa da universidade pública, exigindo a reabertura das universidades e se posicionaram contra o governo genocida, negacionista e privatista de Bolsonaro/generais. Os manifestantes afirmaram ainda que as instituições de ensino precisam estar a serviço do povo e da ciência.
Estudantes da UFCG também fizeram parte dos atos nacionais contra os cortes de verba e bolsas. Foto: Reprodução
Paraná
Em Laranjeiras do Sul, estudantes do curso de Pedagogia da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) organizaram um ato dentro da universidade para exigir o pagamento das bolsas do Pibid e RP.
Os ativistas da educação organizaram uma aula pública, em que o professor coordenador do programa Pibid, Luiz Carlos de Freitas, fez uma análise da situação política atual. Já a professora pedagoga Rosane Toebe Zen falou sobre a realidade das escolas no Brasil e em Laranjeiras do Sul. A docente explicitou a importância dos Programas na instituição, dado que ela fica localizada em uma área periférica onde os estudantes são em sua maioria filhos do povo trabalhador e pobre.
Também foi apresentado, durante o ato, o espetáculo teatral Os saltimbancos, que concilia uma proposta pedagógica, ao introduzir a reflexão de valores, união e solidariedade, com a proposta política, colocando a necessidade da união e organização das pessoas (no caso dos animais, por analogia) contra a exploração e em prol da justiça.
Também neste ato foi estudado e discutido entre os presentes o panfleto lançado pela ExNEPe sobre os cortes na educação e atraso no pagamento das bolsas. O documento também exige a reabertura das Universidades para servir ao povo e aos estudantes. Os estudantes que estavam presentes foram convidados a participar dos encontros nacionais e estaduais do campo da pedagogia, que estão para ocorrer.
Os estudantes ainda fizeram um ato em frente ao Restaurante Universitário (RU) para exigir a reabertura do mesmo. Eles exibiram uma faixa com os dizeres: Abaixo o corte de verbas, defender a universidade pública e gratuita.
Ao fim da manifestação, foi realizado um evento cultural em que foi ressaltada a cultura popular brasileira.
Em Maringá, os estudantes e professores também se mobilizaram contra os cortes de verbas e bolsas. Na Universidade Estadual de Maringá (UEM) uma manifestação foi realizada em frente à reitoria da instituição.
A estudante Paloma Dias, que está cursando o terceiro ano de Letras, disse em entrevista à rádio CBN, do monopólio de imprensa, que sem a bolsa, vários colegas terão que trancar o curso.
Luiz Fernando Cótica, pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da UEM, disse que os cortes de verbas e de bolsas na universidade podem ter impacto na economia de Maringá, já que os alunos terão que trancar o curso e consequentemente ir embora da cidade.
Segundo a UEM, a universidade tem 650 bolsas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Todas as 489 bolsas de renovação anual podem ser perdidas no ano que vem, e as demais 161 também poderão ser prejudicadas.
Estudantes preparam faixas e cartazes para ato contra os cortes de verbas e bolsas na UEM. Foto: Reprodução