O ataque do novo gerenciamento de turno contra os povos indígenas continua pelos quatro cantos do país, e como não poderia deixar de ser, a educação é um dos principais alvos das criminosas ações de desconstrução do Estado brasileiro. Com a desculpa do anunciado “contingenciamento de recursos”, quase 18 mil estudantes indígenas ainda não puderam começar o ano letivo no estado de Roraima, e não há nenhuma perspectiva de que essa situação possa ser modificada.
Tentando encontrar saídas para essa vergonhosa realidade, lideranças dos povos Macuxi e Wapichana, da Terra Indígena (TI) Raposa Serra do Sol, se reuniram no dia 14 de maio, com representantes do Ministério da Educação (MEC), mas o que ouviram não foi nada animador. Fugindo de qualquer tipo de responsabilidade, o diretor de Políticas para Modalidades Especializadas de Educação e Tradições Culturais Brasileiras do MEC, Fabrício Storani, afirmou que os cortes na educação são frutos da incompetência dos governos anteriores, e ainda jogou nas costas dos imigrantes venezuelanos a culpa pelos problemas nas áreas de educação e saúde na região.
Porém, quando as lideranças questionaram sobre o déficit de professores indígenas no estado, a resposta foi o silêncio. “Temos 1.460 professores habilitados, a serem contratadas de acordo com realização do Processo Seletivo Específico Indígena que ocorreu em abril, mas nenhum foi chamado até agora.”, denunciou o professor Telmo Ribeiro Macuxi para a Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
De acordo com a reportagem publicada pelo Cimi, existe um déficit de 1.029 escolas indígenas no Brasil. Somente em Roraima o déficit chega a 391, sendo que 54% das escolas em funcionamento não possuem prédio próprio. Das 260 escolas indígenas do estado, 96% delas foram construídas pelas próprias comunidades, o que demonstra o histórico descaso do velho Estado.