Estudantes do campus de Chapecó, em Santa Catarina (SC), da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) ocuparam ontem (03/04) a reitoria da universidade para exigir uma solução para o problema da falta de professores na instituição, segundo informações publicadas no site da Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia (ExNEPe). Os estudantes exigem a distribuição de novos códigos de vaga para professores.
A ocupação foi decidida em uma grande assembleia geral com a participação de mais de 200 estudantes do campus Chapecó da UFFS. A mobilização foi uma resposta às várias respostas negativas da reitoria e do MEC em apresentar soluções efetivas dentro do prazo estabelecido pelos próprios estudantes em assembleia anterior, realizada no dia 25 de março.
A revolta aumentou ainda mais quando, no último dia desse prazo, o reitor João Alfredo Braida afirmou, em entrevista a uma rádio local, que “não existe falta de professores” na universidade — declaração vista pelos estudantes como um desrespeito à realidade enfrentada diariamente nos cursos.
Os dados apresentados pelos estudantes são alarmantes. No caso do curso de Ciência da Computação, o maior da universidade, há cerca de 600 alunos matriculados e apenas 12 professores efetivos. Ainda segundo os relatos, 14 disciplinas obrigatórias não foram ofertadas nos últimos dois semestres. Nesse mesmo período, 580 pedidos de matrícula em disciplinas foram indeferidos por falta de professores.
Ocupação em meio a mobilizações
A ocupação foi feita em meio a intensas mobilizações de estudantes organizados na Comissão de Fundação da Executiva Catarinense de Estudantes de Pedagogia na universidade. Dentre as atividades estão: panfletagens, confecção e colagem de faixas e cartazes e a organização de um evento sobre a Palestina que contou com a presença do jornal A Nova Democracia e do intelectual Yasser Fayad.
Antes da mesa iniciar, estudantes dos cursos de Administração e Ciência da Computação usaram o microfone para denunciar a falta de docentes na universidade e propagandear a luta estudantil. As denúncias arrancaram gritos de apoio do auditório.
Embora novas demandas possam surgir a partir do comando de greve, não há dúvidas de que a principal pauta da ocupação é a falta de professores. Para os estudantes, essa problemática, recorrente nos diferentes campi da UFFS e em diversas universidades, é uma herança do projeto de falsa expansão do ensino superior pelo governo federal do PT, que priorizou o financiamento a universidades privadas através de programas como o Fies e o ProUni e deixou as universidades públicas – inclusive as que foram inauguradas nesse processo – desabastecidas.
A legitimidade da pauta e a mobilização que antecedeu a ocupação ganhou força e respaldo entre outros cursos. Uma assembleia conjunta das licenciaturas da UFFS declarou, por unanimidade, apoio à mobilização. Estudantes de outros campi também manifestaram solidariedade. Em vídeo publicado nas redes sociais, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) do campus Laranjeiras do Sul declarou seu “mais irrestrito apoio aos estudantes em luta”.