Revoltosos com a falta de pagamento dos trabalhadores terceirizados no Restaurante Universitário, estudantes do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e do Instituto de História (IH), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), organizados no Comitê de Mobilização dos Estudantes Independentes do IFCS/IH (CMEI) bloquearam na sexta-feira (11/04) a entrada dos alimentos que abasteceriam a instituição no almoço e no jantar.
Os trabalhadores terceirizados do restaurante estão com os salários e o vale-refeição atrasados. A empresa responsável é a Nutryenerge – que possui histórico de calotes contra os trabalhadores –, mas a reitoria da universidade se faz cúmplice da exploração descarada.
“Estamos com o salário atrasado, com o vale-alimentação atrasado. Estamos cansados, é sempre uma história, e ninguém aguenta mais. Não temos previsão de nada”, denunciou um trabalhador da empresa ao correspondente local de AND, sob condição de anonimato para não sofrer represálias da empresa. “Não nos dão uma satisfação correta, sempre adiam a data e nada de salário”.
Durante o bloqueio dos alimentos do almoço, os estudantes pintaram uma grande faixa com a frase Bandejão paralisado, paguem os terceirizados e vários cartazes, que foram fixados na entrada do restaurante. Antes do meio da tarde, a universidade estava decorada com as consignas Nutryenerge caloteira! e Quem alimenta não pode passar fome!. Os estudantes também realizaram uma agitação denunciando os crimes da Nutryenerge e da Reitoria contra os trabalhadores.
Reitoria contra estudantes
Em um áudio enviado para a comunidade acadêmica, o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, culpou os estudantes pelo não funcionamento do bandejão. O aristocrata universitário não citou, no áudio, o não-pagamento dos trabalhadores e a ineficiência da universidade em cobrar da empresa o cumprimento do contrato de licitação, que exige que os trabalhadores terceirizados sejam pagos em dia.
Na parte da tarde, a “chefia” da empresa ordenou que os trabalhadores que aderissem à paralisação deveriam bater seus pontos e ir embora, numa tentativa clara de intimidar e “marcar” os trabalhadores, que, por sua vez, permaneceram em seu local de trabalho.
Os estudantes, então, confirmaram o bloqueio dos alimentos do jantar, ação que não chegou a ser realizada, pois a “chefia”, ao ser informada de que os estudantes bloqueariam novamente a entrada dos alimentos, liberou os trabalhadores e não enviou a comida.
A mobilização deu resultados: ao decorrer do dia, os caloteiros da Nutryenerge depositaram 50% dos salários e disseram que o resto do pagamento será depositado até o dia 18/04. Os estudantes afirmaram que continuarão mobilizados até o pagamento integral do salário.