Estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) fizeram uma paralisação no dia 29 de abril contra a demissão em massa dos trabalhadores terceirizados da universidade. A demissão foi anunciada pela reitoria como parte da política de corte de gastos.
Os estudantes montaram barricadas nas três principais entradas da universidade para impedir a passagem de carros e ônibus e distribuíram panfletos para os alunos e trabalhadores que chegavam a pé. Os panfletos explicavam o histórico de precarização da UFSC, das péssimas condições de trabalho dos terceirizados, e a incerteza desses trabalhadores sobre a continuidade de seus empregos.
Muitos alunos e trabalhadores que passaram pelas barricadas pararam para escrever cartazes em rechaço à precarização da universidade e apoiar a luta popular.
Além do trancamento dos principais portões da universidade, os estudantes paralisaram o trânsito de ambas as rotatórias próximas às entradas da Carvoeira e da Trindade e da rua Delfino Conti, que cruza a UFSC.
No período da tarde, os estudantes foram até uma sessão do Conselho Universitário e um representante estudantil leu uma carta de demandas estudantis para o Conselho. O reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, estava presente.
Os alunos resolveram protestar porque os terceirizados são constantemente perseguidos e até mesmo demitidos quando se mobilizam politicamente. Assim, os estudantes compram a briga dos trabalhadores em solidariedade.
Durante a mobilização, os alunos também denunciaram a precária situação da moradia estudantil. Recentemente, além dos problemas de infiltração, eletrodomésticos que não funcionam e chuveiros que não esquentam, o elevador do prédio tem tido problemas de mau funcionamento, constantemente ficando trancado com pessoas ainda do lado de dentro do mesmo.
Os problemas já existem há décadas, mas nunca foram resolvidos pelas várias gestões que passaram pela reitoria.
Histórico de Precarização
Os estudantes afirmam que a demissão dos trabalhadores terceirizados é o resultado de uma década de constantes cortes de orçamento da UFSC. No final de 2022, o governo de Jair Bolsonaro cortou R$ 890 mil da universidade. Já o governo de Luiz Inácio (PT) reteve R$ 29 milhões da UFSC em 2024. A retenção foi feita um mês depois do fim de uma greve de professores e outros trabalhadores da universidade.
Na UFSC, a precarização chega a níveis tão altos que partes da universidade não têm nem luz. Os alunos afirmam que partes do campus ficam completamente perigosas, como as redondezas do Centro de Físicas e Matemáticas (CFM). Para as mulheres, a situação é ainda pior, pois as redondezas da UFSC já foram palco de crimes de estupro.
A demissão dos terceirizados promete agravar a situação desses problemas.