No dia 25 de abril, estudantes do movimento estudantil Carrancas desafiaram a segurança da aristocracia universitária e protestaram contra a precarização da Universidade de Pernambuco (UPE) em meio à cerimônia de solenidade de posse da nova diretoria da instituição. O momento foi escolhido a dedo pelos estudantes por conta da presença da reitora da UPE e de outras universidades da região, da gerente regional de Educação de Petrolina, de gestores municipais e de professores e outros convidados.
A manifestação começou em frente ao prédio das licenciaturas e foi até ao auditório, anunciando sua presença com gritos como A UPE merece mais! Estudar sem assistência não dá mais!. A segurança da reitoria tentou barrar os estudantes sob a alegação de que “não era o momento adequado para protestar”.
Fortalecidos por uma intensa mobilização de passagem em turmas e colagem de cartazes na etapa de preparação da manifestação e cientes de que a revolta popular não espera o fim da hora do chá para se impôr, os estudantes não aceitaram a censura e começaram a manifestação na porta do auditório, onde ficaram por cerca de 30 minutos até chegarem a uma resolução.
O enfrentamento à censura continuou até que a entrada fosse permitida. Dentro do salão, os discentes foram aplaudidos pelo público progressista que compunha parte da audiência e leram uma carta-denúncia ao estado da UPE. Os alunos expuseram os graves problemas enfrentados pelo campus III, o maior da UPE, localizado em Petrolina, e denunciaram a omissão da gestão.
Entre os problemas citados estavam: falta de água e energia, que ocasionou cancelamento de aulas; teto desabando — como o caso da biblioteca, que permaneceu um mês fechada — e de outros setores desativados por risco de desabamento; reforma do auditório que levou quase uma década para ser iniciada e ainda está inacabada; ausência de assistência estudantil adequada; inexistência de restaurante universitário; falta de serviço de xerox a preços acessíveis; laboratórios insuficientes; ausência de espaço de descanso; e falta de transporte para viagens acadêmicas e aulas de campo.
Além disso, dois estudantes fizeram discursos sobre os problemas enfrentados no campo e o caminho da luta estudantil. O público acompanhou com atenção e, ao final, os estudantes foram novamente aplaudidos. Para os estudantes, o apoio foi importante para que eles intensifiquem a mobilização até a conquista concreta das exigências.