Estudo inédito mostra como o clima afeta as zonas pobres

Uma pesquisa de doutorado da UFSC, premiada no início deste mês como a melhor tese de Geografia do país, criou um método inédito de medir cientificamente os efeitos de desastres climáticos sofridos por populações vulneráveis/pobres do litoral brasileiro.   
Estudo revela efeitos de mudanças climáticas sobre pessoas mais pobres no litoral. Foto: Kid Junior/Diario do Nordeste

Estudo inédito mostra como o clima afeta as zonas pobres

Uma pesquisa de doutorado da UFSC, premiada no início deste mês como a melhor tese de Geografia do país, criou um método inédito de medir cientificamente os efeitos de desastres climáticos sofridos por populações vulneráveis/pobres do litoral brasileiro.   

Uma pesquisa de doutorado da UFSC (Universidade Federal de S. Catarina), premiada no início deste mês como a melhor tese de Geografia do país, criou um método inédito de medir cientificamente os efeitos de desastres climáticos sofridos por populações vulneráveis/pobres do litoral brasileiro.     

O trabalho da geógrafa e oceanógrafa Cibele Oliveira Lima, agora doutora em Geografia, foi reconhecido como o melhor estudo de doutorado do Brasil na área das Geotecnologias, pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia (ANPEGE). O estudo cujo título foi Metodologia para avaliação da vulnerabilidade social a eventos extremos costeiros no Brasil levou o prêmio Ailton Luchiari, entregue na primeira semana de outubro.

Cibele Lima, doutora em Geografia pela UFSC. Foto: Reprodução

A zona costeira brasileira abrange cerca de 8.700 km de extensão e área de quase 514 mil quilômetros quadrados. Nela estão vários dos maiores municípios, como as capitais Rio de Janeiro/RJ, Salvador/BA, Fortaleza/CE, Recife/PE, São Luis/MA, Maceió/AL e Natal/RN. As 281 cidades defrontantes com o mar concentram mais de 40 milhões de habitantes, cerca de um quinto da população do país.  

Visando uma lacuna

Para chegar aos resultados, Cibele analisou criticamente como a vulnerabilidade social costeira era estudada por cientistas no mundo todo.

No estudo, a pesquisadora propôs formas de calcular a vulnerabilidade social de diferentes regiões e teve como alvo os 281 municípios costeiros, cobrindo todo o litoral.

Cibele destacou ao informativo Notícias da UFSC que o estudo avança em direção a uma lacuna científica, já que não havia, até então, uma metodologia com esse detalhamento específico para a análise da vulnerabilidade social. Com a ferramenta desenvolvida por ela, “é possível que gestores públicos consigam identificar diversos problemas nas suas regiões e planejem desde estratégias de prevenção a desastres até políticas públicas de enfrentamento à desigualdade”, observou.

Norte e Nordeste

O levantamento anotou que as regiões Norte e Nordeste apresentam a maior vulnerabilidade social do litoral brasileiro. Maranhão, Pará, Piaui e Bahia são os que sofrem os maiores danos.

Por outro lado apesar de terem, em geral, os menores índices do Brasil, os estados da região Sul também possuem áreas com fatores de risco, como nas fronteiras entre PR e SP e PR e SC, focos de desastres recentes, assim como no litoral gaúcho.

Entre os riscos, até tsunami no Sul

“Para mim importava mais saber como aquela pessoa atingida ia conseguir se recuperar depois de um desastre e se ela tinha os meios para isso, daí a escolha deste tema”, contou Cibele.

Para isso, ela também estudou o fenômeno “evento extremo costeiro” que expõe a zona litorânea a perigo de danos, através de ondas de tempestade, marés e tsunamis meteorológicos (estes mais presentes no Sul) e ventos contínuos de alta intensidade, por exemplo.

A inundação e a erosão costeira seriam, segundo a pesquisadora, os efeitos desse fenômeno. No caso da inundação, o aumento temporário do nível do mar em direção à costa pode afetar os locais mais baixos, deteriorando residências, a infraestrutura urbana e salinizando os lençóis freáticos. Já a erosão é resultado da remoção de material sedimentar da linha litorânea ao ser atingida por agentes da dinâmica costeira. 

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