Reproduzimos matéria do jornal norte-americano The Worker.
Seis prisioneiros da Red Onion State Prison, na Virgínia, queimaram-se com dispositivos improvisados feitos de fiação elétrica desde o início deste ano, na esperança de conseguir transferência para outras prisões para tratamento médico. Quatro desses incidentes ocorreram em 1º de setembro ou após essa data. Os prisioneiros citaram as condições intoleráveis da prisão, o abuso dos agentes penitenciários por meio da violência e do racismo, juntamente com o uso indiscriminado do confinamento solitário dos prisioneiros, como motivos para sua tentativa desesperada de escapar por meio da automutilação.
A Red Onion State Prison é uma prisão notória que já foi investigada anteriormente pela ONG Human Rights Watch (HRW) por violações graves dos direitos dos prisioneiros. Em seu relatório, a HRW observou que “os detentos que não representam risco extremo de segurança ou proteção estão sujeitos a controles desnecessariamente restritivos e são arbitrariamente privados das atividades e liberdades disponíveis normalmente, mesmo em prisões de segurança máxima”. O relatório continua mencionando que os guardas usam força excessiva, inclusive disparando contra os presos com espingardas, ameaçando os presos com violência e submetendo-os a comentários racistas. “As condições nas instalações são necessariamente severas e degradantes. Os presos da população geral ficam confinados em suas celas mais de vinte horas por dia. Na segregação, os presos ficam isolados vinte e três horas por dia”, de acordo com o relatório. Os presos são “…privados de programas educacionais, comportamentais, vocacionais e de trabalho e de serviços religiosos”.
A prisão estadual de Red Onion foi objeto de dois processos judiciais recentes, um em que um homem teve alucinações ao falar com seus pais mortos depois de ser mantido em confinamento solitário por mais de 12 anos e, no outro caso, o prisioneiro Tyquine Lee foi isolado por mais de 600 dias e começou a falar incoerentemente em números e perdeu mais de 30 quilos. A história mais recente dos horrores da masmorra reacionária, Red Onion, foi contada pelo prisioneiro político Kevin Rashid Johnson e publicada pelo programa de rádio Prison Radio. Em uma gravação de áudio publicada pela Prison Radio, Ekong Eshiet, um dos prisioneiros que se queimou, declarou que os guardas o discriminam por causa de “minha raça, meu sobrenome ou minha religião”. Eshiet acrescentou: “Não me importo de atear fogo em mim mesmo novamente. Desta vez, eu colocaria fogo em todo o meu corpo antes de ter de ficar aqui em cima e passar o resto do meu tempo aqui.” Eshiet ateou fogo em sua perna em 15 de setembro, na esperança de ser transferido para outra prisão para receber tratamento médico, mas, em vez disso, foi tratado de queimaduras leves na Red Onion. Ele iniciou uma greve de fome em 23 de outubro para continuar seu protesto contra as condições vis e intoleráveis em Red Onion.
As prisões fazem parte do braço repressivo do Estado reacionário e servem principalmente para subjugar e aniquilar certos setores da sociedade, especialmente os setores da classe trabalhadora. De acordo com um relatório publicado em maio de 2023 pela Solitary Watch, mais de 122.000 homens, mulheres e crianças são mantidos diariamente em alguma forma de isolamento nas prisões e cadeias dos EUA. Os Estados Unidos continuam a manter a maior população carcerária do mundo.
