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“Este é um evento verdadeiramente palestino”. Foi assim que o Dr. Abdel Latif Hasan, palestino, médico, colaborador e conselheiro editorial do jornal A Nova Democracia, além de membro destacado da comunidade palestina no Brasil, descreveu o Festival Palestina Triunfará!, que reuniu mais de 130 pessoas no Raízes do Brasil, espaço organizado em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, no dia 26 de outubro. O evento, organizado pelo Coletivo Cultural AND, condenou os crimes do sionismo e honrou a vida e luta dos heróis e heroínas do povo palestino.
Uma faixa vermelha com letras grandes garrafais em um muro do bairro no Centro do Rio anunciaram o evento: A Palestina é o nosso País! Juntos Venceremos! Ao lado, uma faixa do Movimento do Caminho Palestino Revolucionário Alternativo para prisioneiros palestinos também dava o tom do festival.
Entrada e apresentações culturais
Essas frases em inglês e português assinadas pela Liga Anti-Imperialista Internacional foram a porta de entrada para os mais 130 presentes, dentre eles convidados especiais como Rawa AlSagheer (Coordenadora do movimento Samidoun para prisioneiros palestinos, do Caminho Palestino Revolucionário Alternativo e Movimento Alkamarah para mulheres palestinas), Editora Tabla (Especializada em literatura árabe e palestina), Giz Martins (Jornalista, comunicadora popular, ativista do Complexo da Maré e apoiadora da causa palestina), Amanda Abi Khalil (Libanesa, profissional de arte independente e curadora artística intenacional), Silvio (Representante do Coletivo de Árabes e Judeus pela Paz) e Dr. Abdel Latif Hasan.
A artista Maj, apresentada pelo Coletivo Cultural AND como uma importante apoiadora do povo palestino, abriu o evento com músicas em homenagem a Palestina. O ritmo foi aproveitado por outras apresentações culturais dos grupos Casa Norte e Contracorrente, em performances celebradas pelos presentes abaixo de uma faixa escrito Palestina Triunfará! e outras marcantes ornamentações em homenagem a lutas revolucionárias no mundo, como em celebração aos 20 anos da fundação do Partido Comunista da Índia (Maoista).
Em diferentes pontos, banquinhas de vendas do jornal A Nova Democracia, da Editora Tabla e de convidados especiais ofereciam blusas e literatura popular e revolucionária aos presentes.
Em torno das 18h, depois de os convidados terem aproveitado as músicas e a exposição de pôsteres e filmes palestinos, deu-se início ao Ato Político. Uma intervenção do Coletivo Cultural AND destacou como a ofensiva militar lançada no dia 7 de outubro de 2023 pôs fim ao silêncio sobre o genocídio do povo palestino e desmoralizou, por vitórias políticas e militares, o Estado nazi-sionista de Israel.
Durante todo o evento, o Departamento de Jornalismo de AND entrevistou os convidados especiais e um palestino recém-chegado no Brasil, vindo de Gaza. A equipe também realizou uma cobertura jornalística do evento, que será publicada nos próximos dias.
Ao redor e dentro do evento, um esquema de segurança foi montado para garantir a preservação dos presentes, convidados especiais e do próprio evento.
Defesa da luta armada: O Ato Político
Todos os convidados especiais, além de organizações como o Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) e a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) foram convidados a tomar o microfone.
A ativista Rawa AlSagheer condenou a colaboração do governo, universidades e empresas no Brasil com o Estado sionista de Israel e defendeu a legitimidade da luta armada revolucionária do povo palestino.
O tom foi seguido pelos outros. A cantora Maj saudou o Coletivo Cultural AND e o jornal A Nova Democracia e defendeu a importância da cultura para a luta palestina.
O Dr. Abdel Latif Hasan destacou a arte palestina, sobretudo a poesia, e reiterou a defesa da luta armada do povo palestino contra a opressão e colonização. Latif Hasan também elevou a memória do líder do Hamas, Yahya Sinwar, como o “último poeta armado palestino; não um poeta clássico, mas um poeta prático”. “Sinwar escreveu uma única poesia: a mais eloquente, com o próprio sangue”.
O representante do Coletivo de Árabes e Judeus pela Paz condenou o sionismo e igualou a ideologia do Estado de Israel com o nazismo. “Os sionistas atacam os judeus antissionistas. Em vez de usarem a memória do Holocausto para condenar qualquer coisa similar na história, acham que podem fazer o mesmo com o povo palestino”.
A LCP, que não esteve presente, enviou uma carta de saudação da Comissão Nacional das Ligas Camponesas ao festival. A LCP destacou o chamado à autodefesa armada de camponeses, indígenas e quilombolas “contra a violência do latifúndio e da extrema-direita bolsonarista”, ressaltando mais uma vez que “nós camponeses somos os palestinos do Brasil e lutamos contra um inimigo armado até os dentes; mas assim como o Povo Palestino, nossa luta é justa e venceremos inevitavelmente”. A declaração também condenou a dominação imperialista e reafirmou como os camponeses brasileiros e palestinos lutam contra o mesmo inimigo, “o imperialismo, principalmente ianque”.
A ativista Giz Martins comparou a realidade da Palestina e das massas faveladas no Brasil, destacando “como os armamentos e treinamentos das polícias brasileiras são israelenses”.
Quem encerrou a rodada de falas foi o MEPR, que saudou a luta armada revolucionária do povo palestino. “O Dilúvio de Al-Aqsa escancarou a abertura de um Novo Período de Revoluções no Mundo”. Os ativistas também compararam a luta camponesa no Brasil e luta dos palestinos e saudaram os camponeses de Engenho Barro Branco, em Pernambuco, e saudaram a participação de estudantes do MEPR e Mangue Vermelho na resistência camponesa.
‘Palestina é o nosso país’: O grito de protesto da Liga Anti-Imperialista Internacional
“Convidamos todos agora a tomar parte em uma ação de protesto, parte de uma campanha internacional puxada pela Liga Anti-Imperialista Internacional”, disse um representante do Coletivo Cultural AND, após a fala, ao mesmo tempo que ativistas estendiam a grande faixa vermelha que ficou posicionada na entrada do evento.
Os mais de 130 presentes disputaram por espaço atrás da faixa para participar da ação. Acima da faixa, a bandeira da organização internacional Samidoun foi estendida. “Palestina Resiste! Palestina Triunfará!”, gritaram todos, três vezes. Empolgados, todos puxaram outros gritos de ordem. “Luta palestina, nenhum passo atrás! Viva a Resistência e todo apoio ao Hamas!”, “Viva o Hamas!” e a “A luta palestina é por libertação! É parte integrante da Revolução!”.
Premiação
Com espírito elevado, todos observaram com atenção a premiação do III Concurso Literário. A ativista Maj, a representante da Editora Tabla Ana Cartuxo e a jornalista de AND Ana Nascimento anunciaram os vencedores dos poemas, contos e crônicas, respectivamente. As obras vencedoras foram: A Longa Noite (Conto, de Klara Summud); Manchete (Crônica, de Piramboia) e Para os que vivem e lutam (Poema, de Partizan do Sertão).