Ex-chanceler do México afirma que USA ‘persuadiram’ militares brasileiros a não unirem-se a Bolsonaro em 8 de janeiro

Jorge Castañeda, ex-chanceler mexicano. Foto: Getty Images

Ex-chanceler do México afirma que USA ‘persuadiram’ militares brasileiros a não unirem-se a Bolsonaro em 8 de janeiro

O ex-chanceler do México Jorge Castañeda afirmou que o Estados Unidos (USA) foram responsáveis por “persuadir” os militares brasileiros a não unirem-se à Jair Bolsonaro e seus apoiadores durante os episódios de 8 de janeiro de invasão das sedes dos três poderes. A afirmação foi dada ao monopólio de imprensa CNN internacional. A declaração se soma a outros episódios e afirmações que apontam para o intervencionismo ianque (USA) no País. 

“No caso do Brasil, sim, os Estados Unidos convenceram, persuadiram as Forças Armadas brasileiras a não perseguir um golpe militar contra o presidente Lula, que foi eleito no final do último ano e tomou posse em primeiro de janeiro, e foi quase deposto em um golpe com grande participação militar em 8 de janeiro”, disse o ex-chanceler. 

O portal Congresso em Foco, pertencente ao político reacionário e jornalista Sylvio Costa, entrou em contato com o Itamaraty e o Ministério de Relações Exteriores para questionar sobre as tentativas do USA em dissuadir um golpe no País, mas nenhuma das pastas quis responder os questionamentos. 

A afirmação do ex-chanceler se soma a uma série de comprovações e outras afirmações acerca do intervencionismo ianque no Brasil, a fim de garantir a “estabilidade” no País e as melhores condições para a manutenção de sua dominação. 

Em julho de 2022, o diretor da Agência Central de Inteligência do USA (CIA) reuniu-se com membros do gabinete do ex-presidente Jair Bolsonaro para exigir o fim do questionamento ao sistema eleitoral do Brasil. A reunião foi revelada por uma investigação do monopólio de imprensa Reuters. No mesmo período, a Embaixada do USA no Brasil publicou uma nota em defesa do sistema eleitoral brasileiro e chegou a afirmar que o sistema era “modelo para o mundo”. 

A interferência ianque é admitida até mesmo pelos monopólios de imprensa norte-americanos. A revista Financial Times publicou em junho deste ano uma reportagem com o título “A discreta campanha dos EUA para defender a eleição no Brasil”. A revista chega a mencionar que a campanha teria envolvido a CIA, militares, o Pentágono e a Casa Branca. Quanto aos militares, a reportagem diz que a cúpula militar ianque teria ameaçado romper todos os acordos com os militares brasileiros caso o resultado eleitoral fosse questionado. 

Por outro lado, as afirmações e comprovações nada revelam sobre as supostas aspirações democráticas do USA. É sabido que o imperialismo ianque não se opõe à instalação de regimes militares em suas colônias e semicolonias quando os julga como a melhor forma para manter sua dominação e a velha ordem de exploração e opressão por ela engendrada – sobretudo nos momentos em que esta ordem reacionária está ameaçada por rebeliões populares.

O que os acontecimentos de 2022 apontam é a inexistência da soberania nacional brasileira e o nível de influência do imperialismo ianque em todas as questões tidas como candentes para a manutenção de sua dominação no País.

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