O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi preso pela Polícia Federal (PF), na manhã do dia 9 de julho. A prisão deriva de investigações sobre interferência no transporte de eleitores durante o segundo turno da farsa eleitoral de 2022. A operação executou ainda mandados de prisão e oitivas contra outros 48 agentes da PRF.
O processo busca julgar a realização de mais de 500 operações (blitz) no transporte de eleitores em diversas estradas do país pela PF no segundo turno das eleições, em 30 de outubro. Apesar de a PRF ter cometido diversos outros crimes contra o povo durante a gestão de Silvinei, como ao menos duas chacinas e a macabra execução do trabalhador Genivaldo, no Sergipe, o processo limita-se às interferências no processo eleitoral.
Histórico de chacinas e execuções
Foi durante a gestão de Silvinei que a PRF atingiu números recordes de assassinatos. Em 2021, a corporação foi responsável por matar ao menos 35 pessoas. Até a metade do ano seguinte, haviam sido 38 mortos. Parte desses números foram resultado de ao menos duas chacinas perpetradas pela corporação: a Chacina de Varginha, responsável por ceifar a vida de 26 pessoas em Minas Gerais, em 2021, e o Massacre da Penha, que deixou ao menos 23 mortos no Rio de Janeiro, em 2022.
Apesar da gravidade, não há indícios de que Silvinei ou os policiais envolvidos nos crimes serão devidamente responsabilizados e punidos pelos crimes, que foram ignorados pela “suprema corte”. O processo interno da PRF que julgou os policiais assassinos de Genivaldo limitou-se a “recomendar a demissão”.
Operações de fachada
A recente operação contra Silvinei ocorre também no contexto de prisões e interrogatórios contra elementos da extrema-direita por parte de diversas instâncias do governo na tentativa de “punir” os chamados “crimes contra a constituição”. Até agora, essas ações (dentre as quais estão a inelegibilidade de Bolsonaro e a prisão de Mauro Cid), surtiram pouco efeito no combate à extrema-direita e ao golpismo contrarrevolucionário ainda em curso.
Limitando-se à responsabilização individual de alguns poucos elementos da extrema-direita, e com penas extremamente limitadas frente a todos os crimes que cometeram, os procedimentos e julgamentos institucionais ainda se recusam a investigar e punir todos os articuladores da ofensiva contrarrevolucionária.
O Alto Comando das Forças Armadas (ACFA), responsável por estimular a eleição de Bolsonaro, dar corda à propaganda de Bolsonaro sobre a falha das urnas com seus relatórios e conclusões sobre o funcionamento “duvidoso” dos aparelhos, fornecer apoio logístico e moral (inclusive com visitas de altos mandos, como Braga Netto e Augusto Heleno, e suas aparentadas, como a esposa e filha de Villas Bôas) aos acampamentos bolsonaristas em diferentes cantos do País e permitir livremente o acontecimento da segunda bolsonarada (como forma de aviso ao governo de Luiz Inácio), ainda não foi nem de perto responsabilizado pelos seus atos. E nem há indícios de que será.
Por enquanto, o ACFA segue em livre curso, atuando dia sim e outro também na tutela ao governo de Luiz Inácio. Como já apontou este jornal, o levantamento revolucionário das massas populares segue como único caminho capaz de deter o golpismo contrarrevolucionário dos generais e o avanço da extrema-direita.