Exército desenha golpe em documentos com medo de ebulição social

Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Exército desenha golpe em documentos com medo de ebulição social

Um plano do Exército reacionário brasileiro nomeado de “Força 40” desenha uma série de metas, objetivos e planos estratégicos para a força até 2040, considerando o cenário de desenvolvimento da crise política, econômica e social no mundo.

O estudo é liderado pela 7° Subchefia do Estado-Maior do Exército (EME), comandada pelo general de divisão Fernando Bartholomeu. Os planos dos gorilas envolvem aumentar a aplicação de tecnologias militares, manter o foco de atuação na Amazônia, priorizar estratégias militares da “presença e dissuasão”, dentre outros.

Eles tentam justificar o documento e as prioridades de atuação com uma análise da situação do mundo. O que eles destacam é o “aumento da competição entre as potências”, aumento da crise social com “desestabilização” causada por questões climáticas e agravamento da desigualdade entre países e, também, o “aumento da polarização política”. O último é acompanhado do “risco de fragilização política-institucional, mais pressão sobre as Forças Armadas para manutenção da ordem pública e institucional, aumento da mobilização popular, fortalecimento do crime organizado no contexto de Estados enfraquecidos”.

Outros aspectos também foram levantados, mas a síntese do estudo militar reacionário é que: frente à tendência de maior ebulição social pela crise do atual sistema de coisas, as instituições e órgãos oficiais da velha ordem ficarão cada vez mais desmoralizados, cenário que demandará uma atuação mais direta e centralizada por parte das Forças Armadas reacionárias.

Aprofundamento do plano com rumo ao fracasso

É, em última instância, um aprofundamento dos planos de golpe militar que o Alto Comando das Forças Armadas (ACFA) aplica desde 2015, pelas mesmas razões. Não foi aquela a época em que, depois dos grandes levantes de 2013, o núcleo-duro do establishment, junto do imperialismo norte-americano e das Forças Armadas, desatou a Operação Lava Jato para tentar limpar a fachada das instituições e reverter o quadro de desmoralização? E em que, depois que esse “plano A” fracassou, os militares passaram a atuar de forma crescentemente intervencionista na política oficial, por meio do golpista assumido e então comandante do Exército, Eduardo Villas-Bôas?

Acontece que todos se lembram de pra onde isso levou.

Na política oficial, ao governo militar de Jair Bolsonaro e generais, que teve como legado o genocídio de centenas de milhares de brasileiros durante a pandemia de Covid-19 e o aumento da exploração e da miséria das massas pelos projetos draconianos de cortes de direitos, tudo enquanto os generais se lambuzavam com a corrupção, superfaturamento, hipersalários e, no caso de alguns, venda de joias nas horas vagas.

Em outros pontos, como na Amazônia, a manutenção do tráfico internacional e a expansão do latifúndio e do grande garimpo (patrocinado por generais como Hamilton Mourão e Augusto Heleno e muitos outros coronéis, tenentes e demais oficiais), ambos acompanhados da destruição do meio natural e violência contra camponeses e povos indígenas.

Felizmente, são planos que não vão ser aplicados sem grandes obstáculos. A força que motiva os militares a entrarem de forma mais direta na cena nacional – a explosividade das massas populares decorrente da crise social, política e econômica – é a mesma que, se corretamente dirigida, tem plena capacidade de aplastar os intentos golpistas da caserna.

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