Cinco policiais militares (PMs) foram presos hoje (16/12) por extorquir vendedores ambulantes estrangeiros no Brás, Centro de São Paulo, como parte de uma operação que mirou 15 pessoas, dentre elas seis PMs e um policial civil. Em outro caso de São Paulo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu absolver um homem condenado a 7 anos e 6 meses de prisão após averiguar a filmagem das câmeras dos policiais que o prenderam e confirmar que a confissão de envolvimento em “tráfico de drogas” foi forçada por tortura.
Na operação contra o bando, os investigadores apreenderem notebooks, cartões de crédito, cadernos e sacolas cheias de dinheiro. De acordo com o estudo da situação, os vendedores eram obrigados a pagar até R$ 15 mil por ano e R$ 300 por semana para poder vender produtos na região.
Como os vendedores não possuem acesso a linha de crédito, eles eram obrigados a procurar agiotas para conseguir o dinheiro. Os agiotas, por sua vez, eram amigos dos PMs que extorquiam os vendedores e, num esquema cruel, usavam os mesmos policiais para cobrar, de forma violenta, o dinheiro dos vendedores.
Para os promotores que analisaram o caso, há fortes indícios de que o grupo atua como uma “milícia” (termo usado pelos órgãos oficiais para descrever os grupos paramilitares reacionários formados por policiais e ex-policiais, envolvidos em atividades como contravenção, extermínio de pessoas pobres, controle de territórios e venda de drogas).
É um agravante para a imagem da polícia paulista, que já está ruim. Na semana passada, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que criaria uma corregedoria independente para a Polícia Civil na Secretaria de Segurança Pública para investigar os crimes dos policiais; a escolha da Polícia Civil, segundo ele, foi porque a corporação está mais infiltrada pelo crime do que a PM. Os novos casos de práticas criminosas na PM deixam evidente o nível de infestação criminosa nas polícias paulistas, independente de quais sejam.
Confissão sob tortura
O caso de extorsão ocorre na esteira de outros crimes cometidos por policiais em São Paulo, principalmente de violência contra o povo. No mesmo dia que os paramilitares foram presos, o STJ decidiu inocentar um jovem condenado a 7 anos e 6 meses de prisão por tráfico de drogas. Ele foi forçado a confessar um crime que não cometeu sob fortes torturas pelos policiais.
A verdade veio à tona após a análise de câmeras usadas pelos policiais – o que, dado o número elevado de casos de violência policial, revela mais sobre a ineficácia das câmeras em prevenir os crimes dos PMs do que sobre a capacidade em prender os militares criminosos. O vídeo mostra que os PMs socaram a cabeça do homem e o enforcaram. Em outro trecho da gravação, o homem, de 26 anos, aparece sendo chicoteado com um galho pelos policiais. Enquanto isso, um dos PMs cobre a própria câmera em um momento da abordagem para esconder os crimes. Por fim, o homem entregou uma quantia de dinheiro aos policiais. O dinheiro nunca foi oficialmente registrado como apreensão.
As imagens são integralmente contrárias às versões dos policiais militares. Segundo eles, o homem teria fugido ao ver os PMs, e, depois, levado os policiais a uma árvore onde funcionava seu ponto de venda de drogas. A última ação foi confessar o crime que nunca aconteceu. Ação que, agora se sabe, foi feita sob a tortura dos policiais.