Ato em São Paulo mostra um Bolsonaro enfraquecido, mas ainda vivo

O ato foi concentrado em tentar defender Bolsonaro das acusações, em pressionar o Congresso Nacional e para aprovar o projeto de lei da anistia para os galinhas verdes do 8 de janeiro – a despeito da hipocrisia da pauta para a extrema direita, que sempre foi oposta à anistia aos que lutaram pelos verdadeiros interesses do povo brasileiro.
Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

Ato em São Paulo mostra um Bolsonaro enfraquecido, mas ainda vivo

O ato foi concentrado em tentar defender Bolsonaro das acusações, em pressionar o Congresso Nacional e para aprovar o projeto de lei da anistia para os galinhas verdes do 8 de janeiro – a despeito da hipocrisia da pauta para a extrema direita, que sempre foi oposta à anistia aos que lutaram pelos verdadeiros interesses do povo brasileiro.

Deputados e governadores bolsonaristas se uniram ao chefete da extrema direita Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (06/04) em uma esvaziada agitação reacionária na Avenida Paulista, em São Paulo (SP). Concentrando apenas um quarto de pessoas que já conseguira mobilizar em 2024, o ato foi todo organizado e conduzido para defender Bolsonaro das acusações, em pressionar o Congresso Nacional e para aprovar o projeto de lei da anistia para os “galinhas verdes” do 8 de janeiro.

De acordo com o Monitor do Debate Político no meio Digital do Cebrap e a ong More in Common, 44,9 mil pessoas foram ao ato. O número é somente um quarto do público que compareceu ao ato de Bolsonaro no mesmo local em 2024, mas bem maior que o público de 18,3 mil pessoas que foram à agitação feita pelo ex-presidente na Orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, no dia 16 de março.

A baixa no número indica que Bolsonaro está enfraquecido e perde lentamente capacidade de mobilização, posto que é muito mais difícil arrastar a mesma multidão que conseguira antes, agora, para uma pauta defensiva. Todavia, isso não significa que ele não seja ainda forte o suficiente, principalmente por sua capacidade de tornar qualquer candidato para 2026 um concorrente viável a Luiz Inácio e, daí, sua articulação no Congresso e entre governadores, o que se alimenta ainda da falsa polarização “esquerda versus direita”.

Bolsonaro pretende agitar sua base social de extrema direita de modo a chantagear as demais forças que compõem o establishment com ameaças de instabilidade e ao mesmo tempo desmoralizar o curso legal do processo, sem todavia precipitar sua prisão. Nas últimas semanas, alguns parlamentares bolsonaristas deixaram de trabalhar e bloquearam o funcionamento de comissões da Câmara em uma espécie de “protesto” bon vivant para tentar pressionar Motta a votar o projeto da “anistia”.

Em discurso inflamado, Bolsonaro perseguiu tais objetivos. Por exemplo, disse que houve interferência nas eleições para beneficiar Luiz Inácio. “Quem deu o golpe em 22? Quem pesou a mão por ocasião das eleições? Sem falar em outras possibilidades. O golpe foi dado, tanto é que o candidato deles está lá. Alguns deles falaram que interferiram, sim, mas foi para o bem da democracia.”, disse ele, complementando: “Eleições 2026 sem Jair Bolsonaro é negar a democracia, escancarar a ditadura no Brasil. Se o voto é a alma da democracia, a contagem pública do mesmo se faz necessária”.

Buscando mobilizar o sentimento de sua base social fascista, Bolsonaro disse que “não tenho adjetivo para qualificar quem condena uma mãe de dois filhos por um crime que não cometeu”, se referindo aos “galinhas verdes” que foram cooptados pela extrema direita em 8 de janeiro.

Mais adiante, Bolsonaro acusou a justiça eleitoral de dificultar sua candidatura, porque ele foi proibido de “mostrar imagens do Lula defendendo o aborto”, apesar de sabidamente o Luiz Inácio ser contra a descriminalização do aborto, alinhando-se com a direita reacionária.

Sugerindo intuição ou comunicação divina, Bolsonaro disse que “algo me avisou que alguma coisa ia acontecer” no 8 de janeiro e que, por isso, ele se retirou do Brasil. “Se eu estivesse no Brasil, seria preso na noite de 8 de janeiro e estaria apodrecendo nossa cadeia até hoje ou quem sabe assassinado por esses mesmos que botaram esse vagabundo na presidência”, disse. Resta saber se quem o informou do que iria ocorrer foi algo divino ou se foi um de seus capangas. Apresentando-se como mártir, concluiu dizendo que “eles querem me matar porque sou espinho na garganta deles”.

Silas Malafaia, por seu turno, foi ainda mais explícito como agitador da extrema direita. Qualificou Alexandre de Moraes, quem conduziu o inquérito que ora ameaça prender Bolsonaro, de “covarde”, “mentiroso” e “manipulador”. Mais adiante, ameaçou: “Não brinquem com o povo pacífico, o povo brasileiro está se enchendo com tanta covardia, maldade e injustiça. Se os senhores pensam que vão prender Bolsonaro, eu sou de paz, olha onde os senhores vão querer levar o Brasil. Se prenderem Bolsonaro, pode não acontecer nada, mas também pode acontecer tudo nesse País”.

Lideranças reacionárias da direita marcaram presença com Bolsonaro

O ato também parece ter envolvido uma articulação maior: sete governadores foram ao ato, dentre eles nomes que faltaram à agitação de Copacabana. Estiveram presentes Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO), Wilson Lima (PL-AM), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Mauro Mendes (União-MT). O deputado federal Nikolas Ferreira também esteve presente no ato. Zema e Caiado, que buscam alçar “voos próprios” a parte de Bolsonaro, demarcando diferentes com ele e, no caso do Caiado, articulando sua pré-candidatura, foram ao ato demonstrando que Bolsonaro ainda é uma liderança hegemônica da direita, ainda que questionada; se eles se dissociarem completamente de Bolsonaro, ficarão isolados em seu intento de conquistar uma base própria para aventurar-se em 2026.

A despeito das manifestações e tentativa da extrema direita de mobilizar a opinião pública, uma pesquisa divulgada em março mostrou que 51% da população brasileira é contra a medida.

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