Falta de testes prejudica o diagnóstico do coronavírus no Brasil

Falta de testes prejudica o diagnóstico do coronavírus no Brasil

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Um dos principais problemas no combate ao coronavírus no Brasil tem sido a falta de testes para avaliar de maneira precisa a quantidade de infectados e o número de mortos pela pandemia. Somente no estado de São Paulo, mais de 200 corpos continuam aguardando o resultado de testes para confirmação da Covid-19, e como a subnotificação impede que sejam realizadas ações mais efetivas de prevenção à doença nos estados e municípios, essa situação tende a piorar. 

Contrariando as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), que aconselha que todos os casos suspeitos de coronavírus devem ser testados e isolados, o Ministério da Saúde informou que devido à escassez de insumos só seriam realizados testes nos pacientes que apresentassem os sintomas mais graves da doença. Isso não apenas compromete os resultados, como naturalmente exclui a camada mais pobre da população, que não terá acesso aos testes, e muito menos dinheiro para fazê-lo nos hospitais particulares, onde custam cerca de R$ 90. 

Para tentar atenuar essa demanda, o governo determinou que os planos de saúde teriam que arcar com os testes do coronavírus. A questão é que num país que deliberadamente vem destruindo o Sistema Único de Saúde (SUS) e os direitos dos trabalhadores, poucos são aqueles que conseguem ter um plano de saúde. E quando conseguem são sempre os mais baratos e precários. De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de janeiro de 2020, dos mais de 200 milhões de brasileiros, cerca de 77% da população do país não possuem planos de saúde. Isso significa que ao contrário do criminoso desmonte que os sucessivos gerenciamentos do velho Estado implantaram nas últimas décadas, em favor daqueles que lucram com a enfermidade coletiva, somente com uma saúde preventiva, universal e gratuita as necessidades da população serão atendidas. 

Fiocruz aumentará a produção de testes sorológicos

Em entrevista coletiva realizada no dia 2 de abril, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que a proliferação da pandemia em países imperialistas tem levado a uma verdadeira guerra pelos insumos e materiais necessários para produção dos testes e combate ao coronavírus. 

Diversas encomendas feitas pelo governo brasileiro, como máscaras e respiradores, deixaram de ser entregues depois que o Estados Unidos cobriram as propostas brasileiras junto a esses fabricantes, o que não deixa de reafirmar a posição periférica e subserviente que o país ocupa no mundo. 

Mesmo assim, ou talvez por isso, o ministro anunciou a compra de 8 mil respiradores da China, pelo valor de R$ 1,2 bilhão. Resta saber se vão entregar.

Boa parte dos insumos necessários para produzir os testes que identificam a Covid-19 vêm dos monopólios farmacêuticos internacionais, por isso, apesar do esforço da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em produzir os testes aqui no Brasil, sem esses insumos é impossível produzir os testes moleculares, os mais confiáveis para detectar o vírus. 

Uma das alternativas encontradas é o aumento dos testes sorológicos, também chamados de testes rápidos, que apesar de não conseguirem detectar o contaminação com antecedência, são mais baratos e fáceis de se fazer. 

“Com o aumento dos casos em todo o mundo e as evidências de sucesso no que tange à estratégia de monitoramento com testes em larga escala, o Instituto também está se mobilizando para fornecer testes sorológicos rápidos, de modo a viabilizar a ampliação do diagnóstico no país. Ao passo em que os moleculares detectam o material genético do vírus no organismo pouco tempo após a infecção, os testes rápidos detectam anticorpos a partir do 5º dia após o início dos sintomas. A vantagem desta metodologia é que dispensa estrutura laboratorial podendo ser utilizada no local de atendimento”, informou Aline Câmara, Coordenadora de Comunicação Social da Presidência da Fiocruz, em nota encaminhada para AND. 

Mesmo com esses problemas, a Fiocruz informou que possui capacidade instalada e parcerias de longa data para fazer a produção dos testes rápidos com tecnologia de ponta. Por conta disso, serão fornecidos 1 milhão de testes nos próximos meses para o SUS, e os primeiros 100 mil testes devem ser entregues ainda em abril. 

É claro que essa quantidade não resolve o problema, e alguns municípios começam a comprar os testes diretamente dos grandes monopólios internacionais, como Niterói que comprou 40 mil kits de um laboratório norte-americano, aumentando ainda mais o vergonhoso lucro dessas empresas.

  Primeiros 100 mil testes devem ser entregues ainda em abril. Foto: Narvikk/istock

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