Muitos veículos policiais e intensas rajadas de tiros foram registradas por moradores da favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro, na noite do dia 10 de janeiro e madrugada e manhã do dia 11/01. Uma moradora foi baleada nesta manhã em decorrência das operações. A favela tem sido alvo de operações desde o dia 01/01. Os moradores relatam que as operações têm instaurado um terror constante na favela e denunciam uma série de restrições por parte dos militares.
Desde ontem, ao menos três ocorrências foram denunciadas pelos moradores. Na noite no dia 10/01, confrontos foram registrados na favela em torno de 20h, após o início de uma operação policial no mesmo momento em que trabalhadores chegam em massa em suas casas.
Um jovem que acabara de chegar em casa depois de um dia de lazer denunciou a operação nas redes sociais. “Mal cheguei da praia no jacarezinho e olha o som seja bem vindo. 12 dias direto de tiroteio”, relata em ele, em uma publicação acompanhada de um vídeo que registra os tiros na favela.
Aproximadamente 00h, novos tiroteios foram relatados. Já na manhã seguinte, veículos blindados lotados de policiais fortemente armados passaram a atravessar as ruas da favela.
Um outro internauta denunciou a restrição de direitos causada pela operação. “Perder o direito de sair e voltar pra casa, ficar encurralado em tiroteio, chegar atrasado em trabalho porque patrão não quer saber de porra nenhuma e por aí vai…”, denunciou em ele.
11 dias de operação
Denúncias como essas têm sido frequentes por parte dos moradores do Jacarezinho nos últimos 11 dias de operações constantes. Depois da operação de hoje, o número de moradores baleados chegou a dois. Antes, um homem já havia sido alvejado por PMs no dia 04/01. Ele foi posteriormente levado para o Hospital Salgado Filho, no Méier, em uma viatura policial. Mototaxistas acompanharam o trajeto para garantir que o ferido seria entregue sem violações por parte dos PMs.
O Jacarezinho é um dos palcos do projeto reacionário do governo estadual do Rio de Janeiro que visa ocupar militarmente as favelas, sob o nome “Cidade Integrada”. Após quase dois anos de implementação do projeto que marcou mais um passo na escalada da guerra civil reacionária contra o povo, o principal legado é de violações contra os moradores, vítimas de assassinatos, execuções, torturas, revistas vexatórias, invasão de casas e roubos de bens por conta dos militares reacionários. Nas denúncias recentes, o projeto foi novamente denunciado pelos moradores.
“Todo dia é tiro no jacaré virou normal e o Cláudio castro tá dormindo na casa dele bem tranquilo enquanto nós moradores temos que passar por essas operações falida e por causa desse projeto asqueroso que nunca deu e nunca vai dá resultado positivo”, relatou um morador da favela do Jacarezinho na rede social X, o antigo Twitter.