Foto: Ellan Lustosa/AND
O dia 7 de maio foi um dia de terror para moradores de várias favelas das zonas norte, sul e oeste da cidade do Rio de Janeiro. Ainda era noite quando mais de quatro mil militares das Forças Armadas se aprontavam para atacar as favelas Cidade de Deus (CDD), Gardênia Azul, Outeiro, Vila do Sapê, Parque Dois Irmãos, Morro da Helena, Rocinha e Vidigal. A ação parou a cidade e militares chegaram a fechar os dois sentidos da Estrada Grajaú-Jacarepaguá, uma das principais ligações entre a zona norte e a zona oeste.
A ação mais violenta aconteceu na Cidade de Deus, onde as escolas e postos de saúde fecharam as portas e o tiroteio começou ainda as 6 horas da manhã, quando militares chegaram atirando para todos os lados, matando uma pessoa e ferindo outras quatro. Todos os feridos foram atendidos no hospital Lourenço Jorge. Enquanto isso, o monopólio dos meios de comunicação anunciava que 200 mil pessoas estariam sendo “beneficiadas” pelas ações de guerra do velho Estado.
— Operação de guerra na CDD hoje aterrorizando moradores sem que nenhum poder instituído faça nada para modificar essa rotina de terror, pelo contrário, apenas dão mais aval para atos criminosos praticados pelas forças policiais. Arrombam portas, entram nas casas, destroem tudo, agridem as pessoas — denunciou a moradora Laís Araújo, na página do Coletivo Bota a Cara CDD.
Na manhã do dia seguinte, as favelas da zona oeste e do Complexo do Lins mais uma vez foram atacadas pelas tropas do velho Estado e, além disso, o Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, foi incluído na lista de favelas invadidas. Desde as 6 horas da manhã moradores relatavam tiroteios em várias partes do complexo de 17 favelas, veículos blindados circulando por toda a manhã, comércio, postos de saúde e escolas fechadas.