Guerrilheiros do Novo Exército do Povo (NEP) Foto: (Manman Dejeto/AFP/Getty Images)
Em entrevistas dadas à imprensa ianque The Washington Post, membros de povos tribais, figuras religiosas, professores e ativistas que trabalham em Mindanao ou outras regiões onde está presente a guerra popular acusam o governo filipino de uma série de abusos contra os direitos democráticos do povo.
Há relatos de sabotagem nas entregas de comida e medicamentos dentro dos vilarejos e trabalhos de grupos paramilitares que matam cidadãos filipinos que moram perto de zonas guerrilheiras, com a justificativa de que eles têm alguma ligação com o Novo Exército do Povo (NEP), dirigido pelo Partido Comunista das Filipinas (PCF).
Os moradores dessas áreas afirmam que se eles delatarem as atrocidades feitas pelo Exército reacionário filipino do governo Duterte, ou se recusarem a colaborar com as empresas multinacionais de mineração da região, são imediatamente rotulados como “simpatizantes do comunismo” e muitas vezes levados para interrogatórios.
“Eu fui acusado de incitar um protesto, apenas porque estava visitando famílias que foram deslocadas de suas casas por conta de um ataque militar, fui levado para interrogatório.”, relata Raymond Ambray, um padre católico que trabalha em áreas de tribos indígenas.
Ambray diz que os ultrajes cometidos pelos militares ou paramilitares não são de agora. Em 2015, narra que um administrador de uma escola foi encontrado morto ao lado de dois indígenas, e os residentes da área afirmam que foram os grupos paramilitares que assassinaram brutalmente os três. No entanto, alega que que as condições de repressão pioraram demasiadamente após 2017 – ano que o governo espalhou que estaria disposto a realizar um “acordo de paz”, tentando ludibriar os revolucionários a depor as armas.
Muitos indígenas que acreditavam em Duterte e votaram nele nas eleições de 2016, agora estão arrependidos. “Nós cometemos um erro e no momento estamos sofrendo por conta dele. É triste ouvir a propaganda do governo de que o NEP está violando os direitos do povo quando tudo que nós vemos é que quem verdadeiramente está cometendo ultrajes contra a população são os próprios militares. O pior e mais recente incidente que lembro foi quando os soldados invadiram um vilarejo e enquadraram uma família. Os soldados implantaram granadas na casa deles, tiraram tudo deles”, denuncia Junrey Manlicayan, membro da tribo Banwaon, região próxima de uma zona guerrilheira, em Mindanao. “É como se o governo tivesse travado uma guerra contra nós, o povo.”, completa.
O bispo Villasanta, que também é um residente em regiões perto as de confronto entre comunistas e militares analisa para o The Washington Postque, após décadas e décadas de exploração contra a população camponesa e indígena pelas grandes multinacionais, e agora com o fracasso dos “acordos de paz”, cada vez mais as massas vão adentrar nas fileiras da revolução maoista. “Assim como muitos fizeram sob o governo do ditador Ferdinand Marcos – apoiado pelo imperialismo ianque.”, diz o bispo.
Representantes do PCF declaram em um documento redigido à população que “o regime de Duterte não nos deixa outra opção senão travar uma guerra armada nacional para defender o povo contra o fascismo e o terrorismo de Estado”, e convoca as massas a participarem da resistência interna contra o velho Estado.