Povo denuncia crimes do velho Estado e governo de turno do presidente ultrarreacionário Rodrigo Duterte. Foto: Reuters.
No dia 10 de dezembro ocorreu uma grande manifestação em Manila, capital das Filipinas. O objetivo do ato foi realizar a denuncia de crimes contra o povo, todos cometidos pelo governo reacionário de Rodrigo Duterte. Foi um dos maiores protestos desde o começo da pandemia, contando com a presença massiva de diversas organizações democráticas.
Mesmo sob chuva, os manifestantes se organizaram na rua Mendiola, em direção ao Palácio Malacañang – palácio presidencial que funciona ao mesmo tempo como moradia e escritório de Duterte. Inicialmente, a polícia tentou bloquear o acesso à rua, mas foi forçada a recuar sob a pressão dos manifestantes. Estes carregavam faixas denunciando as prisões políticas ilegais e os assassinatos de camponeses, jovens e trabalhadores em luta a mando do velho Estado.
Durante todo o ato, uma grande efígie (boneco construído com a intenção de satirizar) de Duterte foi carregada. Nela, via-se o presidente ultrarreacionário fazendo uma saudação nazista sentado em um trono acima de pessoas encarceradas. Em certo momento ela foi derrubada, representando a queda de Duterte.
Também foram registrados cartazes e faixas contra a lei “anti-terrorista” de Duterte, que é comparada a uma lei marcial (lei que é feita quando uma autoridade militar, após uma declaração formal, toma o controle da administração do judiciário). A lei também estabelece definição vaga de terrorismo e permite aos policiais a detenção de indivíduos por semanas sem acusações, entre outros absurdos.
O povo de Manila rejeita o projeto, apesar da lei ainda não estar em total funcionamento. As massas denunciam a tendência para que a repressão ocorra de forma ainda mais bruta, pois que estará assentada na legalidade jurídica. E que isto se dê em maior nível assim que a lei entrar em prática plenamente.
Vários manifestantes carregaram cartazes exigindo justiça à Reina Mae Nasino, militante urbana e prisioneira política que deu à luz na prisão e após um mês foi separada da filha. A bebê River morreu três meses após ser separada da mãe. Também foi exigida a liberdade da ativista camponesa Amanda Echanis e de seu filho de um mês de idade, Randall.
Polícia prende jornalista e seis organizadores sindicais
Na madrugada do dia 10/12, o “Grupo de Detecção e Investigação Criminal” fez uma operação conjunta em Manila, Mandaluyong e na Cidade Quezon. Nela, os agentes do estado reacionário invadiram a moradia de seis organizadores sindicais e de uma jornalista e os prenderam. Entre as acusações infundadas estavam: “posse de armas, munições e explosivos”. Essas acusações são bastante usadas pelo aparato de repressão do velho Estado filipino para deter democratas, militantes de esquerda e críticos ao governo de uma forma geral.
Os mandados de prisão dos sete foram emitidos pelo juiz executivo Cecilyn E. Burgos-Villavert. O mesmo juiz que já havia emitido, no ano passado, quatro mandados de invasão a casas e escritórios de ativistas. Estas decisões levaram à prisão de mais de 60 pessoas, incluindo Reina Mae Nasino.