FNL denuncia reintegração de posse contra ocupação no Capão Bonito 

No dia 23 de de abril, mais de 520 famílias junto da Frente Nacional de Luta (FNL) realizaram a tomada de um terreno em Capão Bonito, município paulista de cerca de 47 mil habitantes.
Famílias protestam por terra e moradia em Capão Bonito (SP). Foto: Reprodução/FNL
Famílias protestam por terra e moradia em Capão Bonito (SP). Foto: Reprodução/FNL
Famílias protestam por terra e moradia em Capão Bonito (SP). Foto: Reprodução/FNL

FNL denuncia reintegração de posse contra ocupação no Capão Bonito 

No dia 23 de de abril, mais de 520 famílias junto da Frente Nacional de Luta (FNL) realizaram a tomada de um terreno em Capão Bonito, município paulista de cerca de 47 mil habitantes.

No dia 23 de de abril, mais de 520 famílias junto da Frente Nacional de Luta (FNL) realizaram a tomada de um terreno em Capão Bonito, município paulista de cerca de 47 mil habitantes. O terreno ocupado, de quase 2,5 mil alqueires, estava abandonado há 20 anos, sendo cedido pela prefeitura de empresa a empresa, sem que nada operasse no local. Enquanto isso, no município, há um déficit habitacional para cerca de 4 mil pessoas.

O AND realizou uma entrevista com Caique, coordenador da FNL na região para perguntar sobre a ameaça de despejo recente contra as famílias, e a realização de uma manifestação pelas famílias e a FNL no dia 13/05 para denunciar o ataque.

Confira aqui a entrevista:

Caique relata ao AND a quantidade de famílias que ocuparam o terreno, e afirma que o número de trabalhadores na luta por moradia no município apenas aumentou, expressando a necessidade e a vontade das famílias de conquistar o direito à terra para nela viver e trabalhar:

– Primeiramente, a gente ocupou do sábado para o domingo, dia 23/04, de madrugada. A gente estava reivindicando referente ao déficit habitacional do município. Entramos com 60 famílias. Depois disso, às 5 horas, 6h da tarde a gente já tinha, em média, 120 famílias sendo cadastradas pela FNL. Hoje a gente tem em média 300 famílias cadastradas, são famílias que podemos contemplar na área, mas temos mais 500 famílias na lista de espera de uma nova ocupação.

Ele descreve, ainda, a organização diária no terreno, e as perspectivas futuras para a luta das famílias por terra e moradia no município:

– A gente fez uma cozinha comunitária, pessoal almoça, janta lá. Até mesmo os próprios moradores fazem alguns certos tipos de doação de arroz, feijão. A maioria já está morando lá.

– Há um trabalho até, para uma questão mais futura, que depois de um certo tempo de contemplar a ocupação. Aí sim a gente começa com a questão do cultivo, a questão da horta comunitária, cada um ter pelo menos um pedaço da sua área que tenha uma plantação, algum cultivo que venha trazer até mesmo uma futura feira dos sem-terra aqui no município.

O coordenador da FNL ainda afirma que logo a prefeitura entrou com reintegração de posse, e denuncia ao AND o conluio dos advogados do processo de despejo com o prefeito de Capão Bonito. Ele também denuncia a situação do déficit habitacional no município:

O “poder público” aqui é uma verdadeira vergonha, pois tem muitas áreas públicas paradas, muitas emendas que vem para o município em propósito de projetos habitacionais mas o que está sendo feito de fato é um CDHU [Comitê de Desenvolvimento Habitacional e Urbano] para 250 famílias sendo que quando foi aberto o cadastro tinha 4,2 mil famílias cadastradas.

Sobre a manifestação realizada no dia 13/05 no município, Caíque afirma que cerca de 100 trabalhadores participaram da marcha pela cidade, que angariou grande apoio entre as massas locais.

Ele descreve, ainda, que as famílias exigem uma resposta sobre a situação da negação do direito à moradia no município: 

– Primeiramente, as famílias estão aqui em busca de serem contempladas, em busca da moradia digna, em busca realmente dos seus direitos. Não vamos parar a luta enquanto essas famílias não tiverem um direcionamento e tiver sim uma posição concreta do que será feito e qual a demanda que será entregue para elas. Nem que sejam formas de luta com mais ocupações, mas a gente vai bater de frente.

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