Fome pode assolar até 122 milhões de pessoas no mundo até o fim do ano

Fome pode assolar até 122 milhões de pessoas no mundo até o fim do ano

Mais de 122 milhões de pessoas em todo o planeta podem ser levadas à beira da fome em 2020 por conta da grave crise econômica do imperialismo agravada pela pandemia, e um dos prováveis epicentros da fome no mundo será o Brasil. As informações são da Oxfam Internacional.

O risco maior da fome mundial se concentra em dez países: Iêmen, República Democrática do Congo, Afeganistão, Venezuela, Sahel da África Ocidental, Etiópia, Sudão, Sudão do Sul, Síria e Haiti. 

No Brasil, especificamente, o grupo pontua que milhões de trabalhadores em situação de pobreza, sem recursos para se proteger durante o necessário período de distanciamento social, perderam sua renda devido à crise econômica somada à pandemia. 

A entidade menciona ainda que apenas 10% do auxílio financeiro prometido pelo governo de Bolsonaro e generais aos trabalhadores e às empresas foi distribuído até junho. Enquanto isso, os grandes monopólios obtiveram mais benefícios do governo do que trabalhadores, micros e pequenas empresas. 

Além disso, apenas 47,9% do montante destinado ao auxílio-emergencial às pessoas em situação de informalidade e desemprego foi distribuído até início de julho. “Os riscos de disparada da fome no país são imensos quando o Estado brasileiro falha em garantir as condições mínimas de sobrevivência a todas as pessoas impactadas pela pandemia”, afirma Maitê Guato, gerente de Programas e Campanhas da Oxfam Brasil.  

De acordo com o documento, o Brasil está entre os prováveis epicentros da fome no mundo, juntamente com Índia e África do Sul, onde milhões de pessoas estão à beira da grave insegurança alimentar e pobreza extrema. 

O Programa Mundial de Alimentos (PMA), agência da “Organização das Nações Unidas” (ONU), mensura que 270 milhões de pessoas estarão em situação de crise de fome antes do fim do ano. O número representa um aumento de 82% em relação ao registrado em 2019, devido à crise do imperialismo. No ano passado, 821 milhões de pessoas sofriam de insegurança alimentar no mundo, das quais 149 milhões estavam em situação de crise de fome ou pior. Os dados da ONU estimam uma média diária de 25 mil pessoas mortas pela fome em 2018. Com a previsão da Oxfam de mortes adicionais provocadas pela crise atual, o volume médio de perdas diárias de vidas para a fome crescerá até 50% neste ano.

O documento também aponta que o mundo já vive um período de extrema desigualdade entre as massas e os magnatas, com quase metade da população mundial sobrevivendo com menos de 5,50 dólares por dia, enquanto os 2,2 mil bilionários do planeta detêm riqueza superior à de 4,6 bilhões de pessoas juntas. “A pandemia está explorando e exacerbando as desigualdades, na medida em que os que estão na base da pirâmide social são os mais impactados pela perda de empregos e de renda”. afirma a ONG.

Mulheres são as que mais sofrem desigualdade na crise da Covid-19 

No mundo, as mulheres que, em geral, desempenham papel crucial como produtoras de alimentos, são as que mais correm risco de passar fome. Elas já são as mais afetadas pela pobreza devido à opressão sexual. Isso faz com que elas recebam menos do que homens pelo mesmo trabalho e detenham menor posse de terra do que eles.

As mulheres também são maioria no grupo de trabalhadores informais, que no Brasil representa cerca de 40% da população economicamente ativa. E por isso estão sofrendo as maiores consequências econômicas da crise mundial.

O Brasil é o país com a maior população de empregados domésticos do mundo, são 7 milhões de pessoas, em sua maioria de mulheres, pretas e de baixa escolaridade, 35% sendo diaristas, sem contrato de trabalho, muitas vezes privadas dos seus direitos trabalhistas, como férias, 13º salário e pagamento de hora extra, situação essa que só se agravou neste período. 

Foto: Nardus Engelbrecht/AP

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