Força Aérea do USA vem ao Brasil treinar militares brasileiros para atuarem em ‘guerras irregulares’

Força Aérea do USA vem ao Brasil treinar militares brasileiros para atuarem em ‘guerras irregulares’

No dia 21 de agosto, dois aviões C-17 Globemaster da Força Aérea do Estados Unidos (USAF, na sigla em inglês) desembarcaram na Base Aérea de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, trazendo dois helicópteros modelo Sikorsky MH-60 Pave Hawk em cada uma das aeronaves e 50 militares ianques para realizarem um treinamento conjunto com militares brasileiras, visando simular um cenário de “guerra irregular”.

No treinamento, os militares serão colocados em um cenário de guerra não convencional, também chamada de irregular. Nesse tipo de guerra, os combates se dão contra organizações armadas internas (grupos guerrilheiros ou “subversivos”) e não contra outros Estados independentes.

O treinamento denominado Exercício Conjunto (Excon) Tápio 2021 reúne cerca de 900 militares, 30 aeronaves e 16 unidades de infantaria, com militares vindos de diversas partes do país. As atividades acontecem de 16/08 a 03/09. Este é apenas o quarto ano do treinamento, e pela primeira vez contará com forças ianques participando.

Em nota, a Força Aérea Brasileira (FAB) disse que o treinamento com a USAF é uma “oportunidade para o intercâmbio de experiências e desenvolvimento doutrinário da FAB, contribuindo para possíveis participações do país em missões previstas nos acordos de paz da Organização das Nações Unidas (ONU)”.

O responsável por comandar o treinamento é o brigadeiro de ar Clauco Fernando Vieira Rossetto. Sobre o exercício, ele declarou que: “mostramos a capacidade de operar de maneira integrada, coordenada e harmônica, e que essa característica é necessária para que, em uma situação de conflito, as forças tenham o domínio dos seus ambientes de interesse e impeçam que o inimigo faça o mesmo.”

Militares do USA desembarcam na Base Aérea de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, para treinarem militares brasileiros em combates típicos de “guerras irregulares”. Foto: Sd A. Soares/FAB

Militar afirma que exercício colocará as ForçAs no “mais alto padrão internacional”

O treinamento contará com aviões de caça, transporte, reconhecimento e helicóptero. As forças militares simularão uma situação em que as forças inimigas tentam impedir a progressão das tropas amigas no terreno.

Durante a simulação, as aeronaves A-29 Super Tucano serão utilizadas para apoiar a neutralização dos inimigos em solo, bem como apoio aos helicópteros H-36 Caracal e H-60 Black Hawk em missões de resgate de combatentes em território hostil.

Outras atividades que serão feitas no treinamento incluirão missões de ataque, reconhecimento aeroespacial, infiltração de área, busca e salvamento em combate e outras que não foram divulgadas pela FAB.

Sobre o treinamento, o comandante de preparo, tenente-brigadeiro do ar Sérgio Roberto de Almeida, afirmou que “Ao final, teremos o treinamento de nossas tripulações, a consolidação da nossa doutrina no mais alto padrão internacional de exercícios táticos”.

A FAB comunicou que a atividade é importante para o país, pois envolve tanto a Aeronáutica, Marinha, Exército e a Força Aérea do USA.

Com essa afirmação, os comandantes das Forças Armadas reacionárias buscam omitir que durante longos anos a fio se vangloriavam do suposto “sucesso” da experiência adquirida no Haiti. Ora, se realmente foi um “grande trabalho” o adquirido no Haiti (como sempre advogaram), por que se faz necessário o treinamento comandado pelos ianques? E mais: por que é preciso que este se dê em território nacional?

Com a bandeira de que se preparam para atuar em “missões de paz” levadas à cabo pela ONU (na repressão a outros povos do mundo), o Exército brasileiro está sendo de fato preparado para aprofundar o genocídio interno, principalmente contra camponeses pobres, contra a juventude preta e pobre das favelas e contra todos os demais democratas e progressistas que ameaçam os planos sinistros desse governo militar, o “inimigo interno” a qual tanto falam. Em especial, visam aprofundar o plano reacionário de controle total da Amazônia, que se coaduna com a atuação da superpotência imperialista ianque de militarizar a todo subcontinente sul-americano.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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