Militares fazem pregão para comprar 35 mil comprimidos de viagra. Foto: Reprodução.
As Forças Armadas estão sendo investigadas por suspeita de superfaturamento após uma série de compras suspeitas, entre elas remédios para impotência sexual, calvície, próteses penianas e carne de primeira. Segundo dados apurados pelo deputado federal Elias Vaz (PSB) e constatados no portal da transparência do governo federal, o Ministério da Defesa adquiriu 35 mil comprimidos de viagra, 60 próteses penianas infláveis, remédios para calvície, 373,2 mil quilos de picanha, 557,8 mil quilos filé mignon e 254 mil quilos de salmão com dinheiro público.
As compras foram feitas por meio de pregões ou dispensa de licitação. Há suspeitas de esquemas de superfaturamento dentro das Forças Armadas. Tais denúncias geram revolta no povo brasileiro, uma vez que o dinheiro dos impostos, pagos com o suor do trabalhador, são usados para benefícios privados de militares de alta patente que embolsam uma parte significativa através de superfaturamento.
Um dos processos aprovou a compra de 35 mil comprimidos de 25 e 50 mg de sildenafila, remédio popularmente conhecido como viagra e que é usado no tratamento de disfunção erétil. De acordo com as informações, 28.320 comprimidos foram destinados à Marinha, cinco mil para o Exército e dois mil para a Aeronáutica.
Entre os fatores que indicam a ocorrência de superfaturamento está a diferença de preço do produto entre duas compras próximas. Em uma, datada do dia 7 de abril de 2021, a Marinha comprou o medicamento pelo preço unitário de R$ 3,65, apenas uma semana depois, no dia 14 de abril de 2021, foi a vez do Exército comprar o mesmo medicamento por R $1,50 a unidade. Com isso, parlamentares apontam um superfaturamento de 143%. Os dois pregões foram para atender unidades sediadas no Rio de Janeiro.
Além dos comprimidos de viagra, as Forças Armadas também estão sendo investigadas pela compra de 60 próteses penianas feitas entre os anos de 2020 e 2021. Foram realizados três pregões. O primeiro adquiriu 10 unidades de próteses por R$ 50.149,72 cada, o segundo adquiriu 20 unidades por R$ 57.647,65 cada e o terceiro adquiriu 30 unidades por R$ 60.716,57 cada, somadas as compras são aproximadamente R$ 3,5 milhões de dinheiro público gasto com o molde.
Questionado sobre o grande número de medicamentos adquiridos, o Ministério da Defesa alegou que os comprimidos são utilizados no tratamento de uma doença chamada Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP). Contudo, a versão não convence, pois a dosagem utilizada no tratamento é de 20 mg e não de 25 ou 50 como comprado pelos militares. Além disso, a HAP é uma doença rara e que atinge principalmente mulheres entre 20 e 40 que são minoria dentro das Forças Armadas. Questionados sobre quantos militares têm a doença, as Forças Armadas disseram não ter esse dado.
Em outros pregões investigados também foram encontradas compra de medicamentos denominados de minoxidil e finasterida, dois remédios utilizados no combate à calvície masculina. O custo foi de R$ 2,1 mil, valor irrisório para o gordo orçamento das Forças Armadas, porém significativo para qualquer trabalhador brasileiro.
Farra do banquete continua
Os militares também estão sendo investigados por conta da aquisição de toneladas de carnes e peixes de primeira como picanha e filé mignon e salmão. Somente entre janeiro de 2021 e fevereiro de 2022 foram gastos R$ 56 milhões na compra de tais proteínas.
Os gastos aconteceram durante a gestão do ex-ministro da Defesa, General Braga Netto, que será vice na chapa de Jair Bolsonaro para a presidência da república.
De acordo com os dados divulgados no portal da transparência, foram adquiridos 557,8 mil quilos só de filé mignon, que custaram R$ 25,3 milhões. Além disso, 373,2 mil quilos de picanha também foram comprados no valor total de R$ 18,7 milhões e ainda 254 mil quilos de salmão, somando R$ 12,2 milhões. As iguarias foram destinadas ao comando das três forças e para militares de alta patente que servem na Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel). Também estão sendo investigados a ocorrência de superfaturamento na aquisição, pois o preço pelos quais foram comprados não condiz com o preço de mercado da época.